Pesquisadora da Wichita State University sugere que nativos já produziam vinho antes da chegada dos europeus nas Américas
por Arnaldo Grizzo
Uma nova pesquisa em sítios arqueológicos no centro do Texas sugere que os indígenas americanos estavam fazendo vinho há mais de 500 anos, antes da chegada dos europeus.
Uma análise de resíduos químicos em cerâmica encontrada em seis locais revelou evidências de bebidas com cafeína e sugeriu a presença de vinho (de uva). “Estou incrivelmente animada com esta descoberta.
Este é um conhecimento totalmente novo sobre os nativos americanos – especificamente o que eles bebiam há mais de 500 anos”, disse a Dra. Crystal Dozier, arqueóloga antropológica e professora assistente da Wichita State University.
As descobertas foram publicadas no Journal of Archaeological Science, em coautoria com Doyong Kim e David Russell. As incursões de Dozier na busca pelas origens do vinho americano começaram com pesquisas anteriores que sugeriam que os povos indígenas no que é agora o estado do Texas estavam se reunindo para festas e deixando para trás a cerâmica, uma atividade inesperada para caçadores-coletores nômade.
Foram examinados 54 fragmentos de cerâmica descobertos nos seis locais da era Toyah. A análise química revelou evidências de uma bebida com cafeína em algumas amostras, e em outras, ácidos tartáricos e succínico, ambos comumente encontrados nas uvas, mas dificilmente em qualquer outra fruta ao mesmo tempo e com alto nível de concentração.
A cafeína provavelmente veio de uma bebida de cacau com chocolate ou, mais provavelmente, da “bebida preta” regional, um chá feito da planta de azevinho Yaupon. Dozier acredita que as bebidas eram feitas e servidas em ocasiões especiais ou cerimoniais, com base no uso de vasos de cerâmica. “Esta é a primeira evidência arqueológica química sugestiva da produção indígena do vinho nas Américas, embora certamente não seja conclusiva”, escreveram os pesquisadores.
Dozier planeja usar a análise de DNA para descobrir as videiras por trás do vinho e vasculhar mais amostras de cerâmica, em mais locais, em busca de outros resíduos. “Poderíamos dizer se os nativos americanos estavam fazendo vinho tinto ou branco no processo”, apontou.