O desenho do arquiteto Carl Fredrik Svenstedt para o Domaines Ott na Provence se assemelha a um grande jogo de blocos de empilhar
por Arnaldo Grizzo
O prédio inovador desenhado pelo arquiteto sueco Carl Fredrik Svenstedt para a família Roederer, proprietária do Domaines Ott na Provence, se assemelha a um grande jogo de blocos de empilhar, refletindo a influência da "op art" dos anos 1960.
Com um design que aproveita a inclinação natural do terreno e utiliza materiais históricos, como o calcário da Pont du Gard, Svenstedt criou um edifício monumental que combina estética e funcionalidade. Explore como esse projeto impressionante harmoniza a tradição vinícola com a arquitetura contemporânea e um toque de ingenuidade.
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Talvez não seja um olhar tão ingênuo, já que esse jovem arquiteto apaixonado por computação gráfica e construções oníricas certamente se inspirou nas composições de “op art” (arte óticas) do final dos anos 1960, de artistas como Yaacov Agam ou Jesús Rafael Soto, por exemplo.
Svenstedt notadamente usou a inclinação natural do terreno, ao longo do eixo norte-sul. Dessa forma, primeiro vem o pátio, onde as uvas são colocadas em caixotes, depois a câmara fria, de onde elas vão cair nas prensas localizadas num nível inferior.
Em seguida, há duas grandes naves onde os mostos vão fermentar em cubas de inox ou barricas de madeira. Por fim, ainda mais embaixo ficam as salas de engarrafamento, rotulagem e embalagem.
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Este caminho gravitacional é atravessado pelo sentido leste-oeste de visitantes que entram por uma vasta praça flutuando sobre a vinha na sala de degustação em forma de L, com um espaço claro, revestido de bétula, envidraçado nas duas naves e emoldurado com as vinhas distribuindo as áreas de prova e escritórios.
Contudo, o que chama primeiro chama a atenção obviamente é o exterior do prédio, estilo “Jenga” (famoso joguinho de empilhar blocos). Para isso, o arquiteto usou material de uma pedreira que data da construção da Pont du Gard, famoso aqueduto romano da região.
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Assim, ele ergueu uma parede composta apenas por blocos de calcário de 1 metro por 1 metro e 50 centímetros de espessura. Os blocos não estão emparelhados, mas são mantidos em cima um do outro apenas pelo peso, fixados por selos de metal invisíveis para melhor resistir aos fortes ventos da região.
Eles se erguem em fileiras escalonadas e em um pequeno ângulo, como escamas de peixes. Eles se afastam um do outro nas pontas ao mesmo tempo que concentram no centro para compor uma grossa blindagem térmica que permite isolar do calor e da luz.
Nas extremidades, blocos são empilhados para compor pórticos que lembram um pouco da arquitetura neoclássica dos anos 1930. Tudo isso forma um “tabuleiro de xadrez” de pedra ocre.
Dentro e fora, a disposição dos blocos de pedra forma um jogo de luz e sombra que torna ainda mais monumental o edifício erguido em Taradeu, na região de Var, em Provence, que serve de local de produção do histórico Château de Selle – a primeira propriedade adquirida por Marcel Ott em 1912, não muito distante da Abadia de Thoronet.
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