O editor de vinhos de ADEGA, Eduardo Milan, propõe estilos – e rótulos! – que provocam a harmonia que faz os casamentos felizes
por Robert Haulfoun
Se há um tipo de molho para cada tipo de massa, há também um vinho!
Além da habilidade do cozinheiro, a boa massa passa pela harmonização perfeita, mais ou menos, como buscamos na enogastronomia. A intenção, afinal, é provocar o encontro (ou desencontro) de elementos para que uns valorizem os outros – e vice-versa.
Quando a massa é feita com grano duro, por exemplo, ele desenvolve o bom aroma de trigo, se estiver no cozimento ideal. Diante disso, o ideal é que essa característica seja realçada pelo molho.
É por essa e outras que há um tipo de molho para cada tipo de massa. E essa é uma longa história.
As longas (spaghetti, tagliarini, fettucine) pedem molhos pouco densos, para que eles se espalhem com facilidade e esbanjem aroma e sabor; as curtas (penne, rigatoni, orechiette) vão bem com molhos mais encorpados e pedaçudos. Para que tudo fiquem bem mastigável – e apetitoso.
A partir dessa ideia, o que vai o que compõe molho, sabemos, nos leva a um universo sem limite. E, aí, como combinar com vinho?
Para ajudar nessa tarefa, selecionamos molhos básicos, cujas características essenciais vão se repetir em tantos outros. E editor de vinhos de ADEGA, Eduardo Milan, propõe estilos – e rótulos! – que provocam a harmonia que faz os casamentos de felizes.
O molho é untoso, bem aromático. Vai bem com vinho branco fresco, cítrico e com alguma mineralidade.
Bico Amarelo 2019 - AD 90 pontos
Queijo pecorino e pimenta numa textura cremosa. Aqui, um vinho branco mais aromático, com notas de especiarias, enche a boca, para nunca mais esquecer.
L.A. Jovem Gewürztraminer 2020 - AD 91 pontos
Manteiga envolvida pelo aroma e frescor das ervas. Olha que interessante, é um vinho branco barricado e encorpado que vai levantar a composição. Para sonhar com o casamento, melhor ainda se ele for amanteigado.
Esporão Reserva Branco 2019 - AD 91 pontos
Molho de tomate, caldo de carne e legumes como (cenoura e cebola) que deixam tudo muito saboroso, levemente adocicado. A harmonia indefectível (todo mundo adora!) é com um tinto de médio corpo para encorpado (depende da gordura da carne usada). E atenção: com ótima acidez!
Salbide Tinto 2018 - AD 91 pontos
Muito aroma, várias texturas e a presença marcante do vinho branco, com azeite e ervas. A composição elegante pede um vinho idem. Branco (chardonnay sem madeira, pinot grigio) ou espumante com muito frescor e pronunciada acidez, além de notas salinas.
Aurora Gioia Sur Lie Nature 2016 - AD 90 pontos
Gema de ovo, guanciale (a bochecha do porco) e pimenta-do-reino. Uau, que desafio: para ele, o vinho deve ser um tinto de médio corpo, mediamente tânico, mas que tenha uma boa acidez.
Molho de tomate, panceta (barriga do porco), queijo pecorino. A gordura e potência de sabor pede vinhos tintos de boa acidez e taninos sutis.
Chakana Nuna Vineyard Bonarda 2019 - AD 89 pontos
O toque adocicado do do tomate ganha muito aroma e frescor, com a erva (folhas pequenas dentro do molho e grande sobre o prato. Sim, para serem bem mastigáveis). Lembou da Toscana, na Itália? Nós também, num tinto de médio corpo e fresco, como Sangiovese ou Dolcetto. Mas a Pinot Noir também pode funcionar.
Marchesi Incisa della Rocchetta Dolcetto d'Alba 2019 - AD 92 pontos
Molho de tomate ralinho, ervas e... pimenta malagueta! Para equilibrar o conjunto e salvar o seu palato, o vinho precisa ser realmente equilibrado tanto em acidez quanto em álcool, mas também frutado. Ele pode ser branco (Chardonnay sem madeira, por exemplo) ou tinto (Syrah ou Touriga Nacional frutado sem ou com pouca madeira).
R de Romaneira 2017 - AD 90 pontos
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