Localizada em Tain l'Hermitage, este é um dos produtores mais tradicionais do local com suas raízes no vilarejo desde 1835
por Arnaldo Grizzo
As paredes da nova instalação em contraste com a antiga mansão da vinícola
Tain l'Hermitage é uma vila pequena no vale do Rhône, ao redor da qual crescem alguns dos mais famosos vinhedos da denominação de origem Hermitage.
Delas Frères, hoje propriedade do Grupo Roederer, é um dos produtores mais tradicionais do local com suas raízes no vilarejo desde 1835, mas, desde 2019, quando o projeto de renovação de sua vinícola foi terminado, tornou-se também uma referência de arquitetura vanguardista.
A propriedade fica no coração da vila de 6 mil habitantes. Sua mansão histórica foi restaurada para abrigar hóspedes, mas as grandes mudanças ocorreram na vinícola e na nova loja de vinhos com fachada curva de arenito e um jardim paisagístico que completa o complexo. Tudo foi pensado pela equipe do prestigiado arquiteto Carl Fredrik Svenstedt. Segundo ele, a vinícola foi feita “para ser tocada”.
Assim, as fachadas estruturais são de pedra Estaillade, com cinquenta centímetros de espessura, que foram tiradas do rio Ródano (Rhône). O arenito macio e relativamente leve é adaptado à construção de pedras maciças, sendo viável e melhor em blocos estruturais espessos. A parede principal, ondulada, tem 80 metros de comprimento e sete metros de altura, com uma forma estrutural geometricamente estável.
O arenito poroso é termicamente neutro, mantendo temperatura estável na vinícola
Ela é feita de blocos esculpidos individualmente por robôs, cada um pesando mais de 2 toneladas. Demorou três meses para moldar toda a pedra, que foi instalada pela mesma equipe de pedreiros (pai e filho) que construíram o Domaines Ott, em Provence. “A parede é a convergência de todo o projeto”, aponta Svenstedt.
Os blocos são mantidos juntos horizontalmente por cabos de aço pós-tensionados que fixam a parede à fundação. A equipe do projeto chegou a considerar o uso de outros materiais, mas a análise mostrou que o construir em concreto teria usado quatro vezes mais energia, e a pedra termicamente inerte era perfeitamente adequada para este tipo de instalação. “Acabou sendo mais fácil, mais barato e mais ecológico”, explica Svenstedt. O arenito poroso é termicamente neutro, o que significa que a temperatura na vinícola permanece estável o tempo todo.
A parte interna interage com o exterior da vinícola
Dentro da vinícola, um conjunto de rampas permite aos visitantes acompanhar o processo de produção. Um terraço panorâmico com vista para as vinhas completa a experiência visual de uma viagem pela história da vinificação.
A iluminação define o cenário para os edifícios, tanto no interior como no exterior, focando nos detalhes estruturais da arquitetura. As luminárias embutidas transformam a parede de pedra e sua estrutura canelada em um palco, criando a impressão de uma cortina de grandes dimensões.
O terraço panorâmico tem vista para as vinhas
A loja foi disposta na parede oposta do jardim, em um espaço linear que recebe a sombra dos pilares de pedra. Um castanheiro existente recorta o edifício e sob ele se encontra a entrada envidraçada da loja. A mansão antiga, completamente renovada, agora é o elemento central do jardim e foi transformada em uma casa de hóspedes, ligada à vinícola.
Ela possui também um restaurante, salas de degustação, quartos com vista para o jardim e uma adega com a coleção histórica de garrafas. As paredes do século XIX da mansão também contrastam com os “novos” materiais usados na vinícola, como pedra, vidro e aço.
Hoje Delas Frères, com sua arquitetura, representa o que há de mais moderno e também mais tradicional no vale do Rhône.
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