Mudança climática está mudando a velocidade que o vinho de Bordeaux envelhece e até o blend da famosa região
por André De Fraia
Dizer que o vinho de Bordeaux ainda precisa melhorar é um pecado. Porém, em alguns casos a mudança climática pode estar agindo a favor da qualidade ainda melhor dos vinhos bordaleses.
Pelo menos é o que apontam diversos produtores.
O aquecimento global, além de levar as safras a serem colhidas muito antes do normal, está fazendo com que o vinho envelheça muito mais rapidamente. Segundo alguns relatos, vinhos que antes estariam prontos em dez ou quinze anos, hoje precisam de cinco ou seis.
Claro que a mudança climática não é comemorada por ninguém na região. Produtores relatam que, além da colheita antecipada, as safras são menores e as uvas clássicas, com destaque principal para a Merlot, sofrem com o calor.
Fato que está levando os produtores a uma segunda alteração. O blend de diversos chateuax, principalmente os da margem esquerda, estão mais ricos em Cabernet Sauvignon, que se adapta melhor à alteração e menos Merlot.
Já a Margem Direita está optando por Cabernet Franc e Petit Verdot, variedades que estão se mostrando mais aptas para substituir, em partes, a Merlot nos vinhos e vinhedos.
Não é de hoje que a região vem travando uma batalha com a mudança climática.
Em 2021, o Institut National de l’Origine et de la Qualité, órgão regulador da agricultura na França, aprovou o plantio de seis novas castas na região de Bordeaux: as tintas Arinarnoa, Castets, Marselan e Touriga Nacional e as brancas Alvarinho e Liliorila.
Elas se somaram às castas que já eram autorizadas - Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Carménère e Petit Verdot entre as tintas e Sémillon, Sauvignon Blanc, Sauvignon Gris, Muscadelle, Colombard, Ugni Blanc, Merlot Blanc e Mauzac entre as brancas.
Segundo os pesquisadores as variedades escolhidas, além de ter maior resistência às altas temperaturas, possuem as características necessárias que farão o vinho bordalês manter seu estilo único.