Mundovino

Registros da Liv-ex mostram que há aumento nos níveis de álcool no vinho

Dados utilizados são de vinhos produzidos nos últimos 30 anos

por Arnaldo Grizzo

Acredita-se que o aumento dos níveis de álcool seja devido ao impacto das mudanças climáticas

Há muita controvérsia quando se fala que os níveis de álcool no vinho têm aumentado nos últimos anos. Contudo, nunca ninguém havia tabulado dados para tentar provar essa teoria.

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Agora, porém, informações compiladas pela Liv-ex mostram que houve, sim, esse tão alardeado aumento. 

A partir de 2020, a Liv-ex começou a registrar e verificar os volumes de álcool dos vinhos. Até hoje, registou os níveis de álcool de 35.000 vinhos, cerca de 20.000 dos quais foram verificados pela equipe de seu depósito, que verificou as garrafas uma a uma. Eles estavam fazendo isso para poder gerar códigos de commodities (HS) automaticamente, tornando mais fácil para seus membros enviar vinho para todo o mundo.

Mas, à medida que os valores foram inseridos, padrões interessantes começaram a surgir. 

Os dados da Liv-ex mostram o nível de álcool nos vinhos nos últimos 30 anos

“Este é um retrato notável das mudanças significativas ocorrendo em algumas das regiões de vinhos finos mais importantes do mundo”, disse Justin Gibbs, cofundador e diretor da Liv-ex. No gráfico, os vinhos tintos da Califórnia, Piemonte e Toscana tiveram um aumento significativo nos níveis de álcool dos anos 1990 aos anos 2000, quando se estabilizaram ou começaram a diminuir ligeiramente. 

Os níveis de álcool dos vinhos de Bordeaux, por outro lado, continuaram a subir – embora a partir de uma base mais baixa. A Borgonha é a única das cinco regiões que mostrou pouca oscilação. 

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Acredita-se que o aumento dos níveis de álcool seja devido ao impacto das mudanças climáticas. Mas o amadurecimento da uva pode ser moderado mudando as práticas do vinhedo. Então, as preferências de estilo, portanto, provavelmente contribuíram para impulsionar essas tendências. 

Vale lembrar também há um certo grau de imprecisão no rótulo. A União Europeia permite uma margem de erro de 0,5%. Os Estados Unidos permitem uma margem de erro de 1% para vinhos acima de 14%, enquanto para vinhos com 14% ou menos, uma margem de 1,5% é permitida.  

“Esses vinhos analisados representam vinhos comercializados na Liv-ex, uma ampla gama, em sua maioria finos. Como a extremidade superior do mercado normalmente define a referência para o resto, é possível que esse mesmo padrão esteja se repetindo em toda a cadeia”, finalizou Gibbs.

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