Uma das regiões vitivinícolas mais famosas do mundo, Bordeaux oferece outras opções além dos consagrados Grand Cru Classés
por Luiz Gastão Bolonhez
Alguns dos vinhos mais desejados do mundo são de Bordeaux. A área vitivinícola de Bordeaux fica localizada na região administrativa da Aquitânia, no departamento Gironde, no sul da França. A extensão da plantação de uvas viníferas supera os 100 mil hectares e com mais de 13 mil produtores. De toda a produção de vinhos na região, cerca de 75% são tintos.
Em Bordeaux se faz vinhos há séculos e seus Premier Grand Cru Classé são os mais cobiçados do planeta. Quem nunca ouviu falar de Château Lafite e Mouton Rothschild? E do Château Latour? Isso só para citar alguns dos produtores mais famosos da margem esquerda do Gironde. Todos esses vinhos são produzidos em Médoc, mas em denominações controladas (AOC - Appellation d'Origine Contrôlée) específicas.
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Dos cinco Premier Grand Cru Classé, os três citados anteriormente são produzidos na "Meca do Vinho", a pequena comuna de Pauillac, que fica incrustada às margens do Gironde, cerca de 50 quilômetros ao norte do centro da cidade de Bordeaux.
O quarto dos "top 5" é o Château Margaux, localizado na comuna de mesmo nome. E, ainda na margem esquerda, há a glamorosa denominação de Pessac- -Léognan, que fica nas cercanias de Bordeaux. Nela está o Château Haut-Brion, o único não Médoc dentre os cinco mais famosos e caros vinhos do mundo.
Na margem direita temos outras duas regiões que produzem ícones da viticultura, são elas: Pomerol e Saint-Émilion.
De Pomerol vem o Pétrus (o mais caro de Bordeaux) e Château L'Evangile, dentre outros clássicos. De Saint-Émilion temos nada menos que Château Cheval Blanc e Ausone (cujos preços tem atingido patamares difíceis até de compreender).
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Tamanha é a fama de alguns vinhos que alguns nomes de denominações de origem se tornaram comuns e facilmente reconhecidos. Mas Bordeaux é uma região muito vasta e com diversas sub- -regiões onde pipocam vinhos bons e bem mais acessíveis. Sendo assim, vale a pena dar uma aprofundada no tema.
Então, vamos destacar aqui as regiões do Médoc e Haut-Médoc, ambas na margem esquerda do Gironde e respectivamente ao norte e ao sul de Pauillac; e as regiões satélites de Saint-Émilion e Pomerol, na margem direita do Dordogne. Além disso, vamos tratar também dos tintos das AOC Bordeaux e AOC Bordeaux Supérieur.
O Brasil está entre os 10 mercados mais importantes para vinhos finos, e, por isso, é relativamente fácil achar os vinhos mais caros do planeta, tais como Pétrus, Lafite, Cheval Blanc, Margaux etc. Porém, temos também ofertas de vinhos chamados de "Petit Châteaux" das regiões satélites e muitos das AOC Bordeaux e Bordeaux Supérieur.
Se analisarmos de maneira mais aprofundada poderíamos ter muito mais ofertas desses vinhos por aqui, mas a concorrência entre os produtos dessas regiões de Bordeaux e os vinhos do Novo Mundo atrapalha. Os vinhos da grande Bordeaux, principalmente dessas sub-regiões são quase sempre menos encorpados, menos alcoólicos e com menos percepção de "doçura" se comparados com os Cabernet Sauvignon, Merlot e outros da Argentina e do Chile.
O próprio nome dessas AOCs mostra que elas são mais genéricas (fica claro que estamos falando de muito mais espaço de terra). Nessas duas regiões, o predomínio é da casta Merlot. A AOC Bordeaux é a mais genérica de todas da região e, por isso, tem qualidade muito variada. Estamos falando de mais de 30 mil hectares de vinhas dedicadas a produção de vinhos tintos. Então, aqui, o produtor é chave, pois, em alguns casos, temos excelentes dicas a bons preços e, às vezes, podemos ter vinhos sofríveis.
Já os Bordeaux Supérieur podem ser chamados de "vinhos reserva" da AOC Bordeaux. A AOC Bordeaux Supérieur exige meio grau de álcool mínimo a mais que os da AOC Bordeaux. Os vinhos da AOC Bordeaux têm que possuir mais de 10% de álcool, enquanto os Bordeaux Supérieur tem exigência mínima de 10,5%). Nessa AOC temos mais de 10 mil hectares de vinhas dedicadas a produção de tintos.
Há dois outros detalhes importantes dos Bordeaux Supérieur: cerca de 75% dos vinhos são engarrafados na propriedade e a AOC exige que o vinho seja vendido somente após 1º de julho do ano seguinte à colheita. Não necessariamente podemos afirmar que um Bordeaux Supérieur é melhor que um Bordeaux genérico, mas, de maneira geral, os Supérieur são mesmo superiores em qualidade.
ADEGA teve a oportunidade de degustar vinhos de todas essas AOCs, alguns mais simples, mas outros verdadeiras joias que podemos encontrar no Brasil.
Veja abaixo os melhores vinhos de Bordeaux desgustados recentemente pela Revista ADEGA e organizado pela maior nota⬇