Flavonoides presentes na uva protegem a pele dos danos solares
por Carolina Almeida
Substância encontrada nas uvas será melhor estudada pela indústria de cosméticos
Imagine a cena: um sábado, 30°C, sol radiante, brisa suave. Esse tempo tão gostoso de aproveitar, seja para passear, andar de bicicleta ou qualquer outra atividade ao ar livre, vem sempre acompanhado de um conselho que 10 entre 10 mães dão aos seus filhos nessa época do ano: “Não esqueça de passar protetor solar”.
Pois bem, essa recomendação pode até ter um acréscimo a partir de agora. Segundo pesquisas, as mães do mundo todo podem adicionar uma nova indicação: “use filtro solar e não se esqueça de beber uma taça de vinho, ou comer algumas uvas”. E, apesar de maluco, o conselho não é de todo errado.
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Um grupo de pesquisadores espanhóis da Universidade de Barcelona, em parceria com o CSIC (Conselho Superior Espanhol de Investigações Científicas), descobriu que há uma substância presente nas uvas e em seus derivados que tem a capacidade de proteger a pele das radiações ultravioletas, que podem causar desde queimaduras e fotoalergias até o envelhecimento precoce e câncer de pele – como o melanoma, que representa 5% de todos os cânceres de pele e é o mais grave deles.
Em pesquisas realizadas em laboratório, esses cientistas descobriram que os flavonoides que são extraídos da uva têm efeito protetor contra os raios UVA e UVB. A importância dessa descoberta é tão grande que alguns pesquisadores já pensam em incluir esses polifenóis nas fórmulas dos protetores solares.
Quando em grande incidência, os raios ultravioletas do sol ativam as espécies reativas de oxigênio (ROS), que podem causar danos às células da pele ou até mesmo matá-las, dependendo do tempo de exposição aos raios UVA e UVB.
As espécies reativas de oxigênio, que são fruto da quebra de moléculas, sempre estão presentes no nosso organismo, mas em pequenas quantidades. Em níveis normais, são muito importantes para a manutenção da saúde celular. Mas, em grandes porções, oxidam moléculas como o ADN (composto que contém instruções genéticas que coordenam nosso funcionamento e desenvolvimento) e disparam uma série de reações enzimáticas que prejudicam o tecido epitelial. O papel dos flavonoides, então, é impedir a proliferação das ROS, ou pelo menos reduzir sua formação.
Colocando as células em um microscópio e manipulando a presença de flavonoides e raios ultravioletas, os cientistas espanhóis foram capazes de detectar o quão efetivo é esse composto presente nas uvas. Em geral, os resultados foram bastante positivos: a redução das espécies reativas de oxigênio (ROS) beirou os 50 ou 60%, dependendo da estrutura do polifenol utilizado.
No caso do vinho, como o álcool também está presente, os pesquisadores afirmaram que a questão da dose é bastante importante. Não é possível, por exemplo, beber muito vinho para aumentar a quantidade de flavonoides, pois, dessa maneira, a ingestão de álcool também seria grande. Eles dizem que, por mais que os polifenóis auxiliem na saúde das células, o mais correto é manter uma dieta saudável e moderada, beber sua taça de vinho diariamente e, como de costume, usar protetor solar.
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