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Conheça a fortaleza medieval Californiana no Napa Valley

Castello di Amorosa é uma autêntica construção da Idade Média

por Arnaldo Grizzo

Cerca de 8 mil toneladas de pedras foram cinzelas à mão para a construção do castelo

A história da pacata cidade de Calistoga, na Califórnia, Estados Unidos, não remonta ao período medieval. Ainda assim, poucos quilômetros ao sul do município há uma fortaleza com torres de guarda, gárgulas guardando os portões, estábulos, afrescos italianos antigos, loggias, calabouço etc. À primeira vista, pode-se pensar que, em vez de estar no Napa Valley, estamos na Toscana, mas não. O Castello di Amorosa é fruto do sonho de Dario Sattui.

O bisavô de Dario, Vittorio Sattui, imigrou da Itália e, em 1885, fundou uma vinícola, a V. Sattui, em São Francisco. Seu legado vitivinícola chegou até seu bisneto, um empreendedor apaixonado pela arquitetura medieval. E, graças a essa paixão desmedida, ele quase colocou tudo a perder, mas, no fim, ergueu, no meio do Napa Valley, um verdadeiro castelo medieval.

O fascínio de Dario pela arquitetura medieval fez com que ele comprasse um castelo (Castello di Panzalla, em Chianti Classico), um monastério e um palácio que pertenceu aos Médici na Toscana. No entanto, segundo ele, o grande impulso para criar seu próprio castelo na Califórnia ocorreu após uma visita às caves Patriarche, as maiores da Borgonha, construídas entre os séculos XIII e XIV. “Um dia vou fazer algo assim nos Estados Unidos...”, teria dito na época. Com o tempo, ele se tornou um especialista em arquitetura medieval, colecionando livros e visitando castelos.

Assim que adquiriu uma propriedade em Calistoga, em 1993, Dario deu vazão a seu sonho. Em viagens pela Itália, havia conhecido o engenheiro dinamarquês Lars Nimskov, especializado em construções de época. Além disso, foi à Áustria para conhecer Fritz Gruber, outro fanático pelas construções medievais e que já havia feito projetos de adegas com essa inspiração.

Com ajuda de ambos, os trabalhos no Castello di Amorosa (Castelo do Amor, seria uma possível tradução) começaram em 1994. Dario separou uma área de 121 mil metros quadrados para o projeto. A construção demorou 14 anos para ser finalizada, custando quase toda a fortuna acumulada pelo herdeiro dos Sattui. Nesse tempo, ele chegou a se desentender com Nimskov e precisou contratar o bolonhês Paolo Ardito, outro expert em construções medievais.

AUTÊNTICO

O castelo tem 107 quartos (um diferente do outro e 95 deles são usados para a produção de vinho ou como adega) e oito níveis diferentes (quatro abaixo do solo e quatro acima). O edifício tem tudo o que um castelo medieval possui: cinco torres de defesa, dois halls com afrescos, muralha, ponte levadiça, fosso, calabouço, passagens secretas, jardins internos, estábulo e até câmara de tortura.

Dario Sattui afirma que seu castelo parece uma verdadeira fortificação medieval, pois ela é autêntica. Ele quer dizer que todo o projeto foi pensado e executado da forma medieval, inclusive os métodos de construção. Para se ter ideia, 8 mil toneladas de pedras foram cinzelas à mão para as paredes. Uma lareira que antecede Cristóvão Colombo adorna o Grande Salão, ferro fundido do final da Renascença aparece na câmara de tortura, um dragão de ferro forjado dos tempos de Napoleão paira sobre o portão principal. Em 14 anos, cerca de 200 contêineres vieram diretamente da Europa com material de época feito à mão.

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Fritz Gruber forneceu cerca de um milhão de tijolos de palácios derrubados de Habsburgo. Lamparinas, portões e outras peças de ferro decorativas foram forjadas à mão em uma forja aberta, em Assis, na Itália. O Grande Salão tem um teto artesanal (de mais de 6 metros de altura) com afrescos pintados à mão inspirados na obra “Buon Governo” (Bom Governo), de Ambrogio Lorenzetti, na prefeitura de Siena.

A sala de barricas é outra obra fenomenal, com 12 mil metros quadrados ostentando 40 tetos abobadados de estilo romano. Até mesmo os tanques de fermentação são artesanais. A decoração é completada com armaduras, gárgulas e até utensílios medievais autênticos, tudo para que o visitante se sinta verdadeiramente em uma outra época.

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