Apesar do nome cinzento, a Pinot Gris, ou Grigio, a uva é muito mais escura do que a da maioria das uvas brancas, conheça a Pinot Cinza
por Arnaldo Grizzo
A cinzenta Pinot Grigio ou Gris
No Brasil, geralmente conhecemos como Pinot Grigio, mas ela também pode ser chamada de Pinot Gris, assim como diversos outros nomes muito menos conhecidos como Fromenteau (uma das uvas “esquecidas” de Champagne), Grauburgunder (na Alemanha e Áustria), entre outros.
Interessante que apesar do nome sugerir uma cor acinzentada – Gris ou Grigio é “cinza” em francês e italiano, respectivamente – a cor da uva na verdade é muito variável e muito mais escura do que a da maioria das uvas brancas. Ela tem amadurecimento precoce, alguma susceptibilidade à podridão pela botrytis e potencial para altos níveis de açúcar, juntamente com acidez moderada.
A Pinot Gris é uma mutação de cor da Pinot Noir que ocorreu em diferentes momentos e em diferentes lugares na Borgonha (principalmente em Chassagne-Montrachet na Côte d’Or), mas também em Rheinland-Pfalz e em Baden-Württemberg no sudoeste da Alemanha.
Diz a lenda que, em 1375, o imperador Carlos IV levou a Pinot Gris da França para a Hungria, onde monges cistercienses a plantaram nas colinas de Badacsony perto do lago Balaton. Isso supostamente explica o fato de na Hungria ela ser chamada de Szürkebarát, que significa “monge cinza”.
Em 1568, a Pinot Gris foi levada de volta da Hungria para Kientzheim, na região da Alsácia, por Lazarus von Schwendi, um general que tomou posse da cidade húngara de Tokay no reinado de Carlos V e que era dono de um castelo em Kientzheim, a noroeste de Colmar. Isso também explica por que a Pinot Gris é chamada de Tokay na Alsácia, um sinônimo citado pela primeira vez em 1750 em um manuscrito no alsaciano Domaine Weinbach. Mas não há evidências dessas teorias.
Acredita-se que a Pinot Grigio teria sido introduzida na Itália no início do século XIX por um produtor nas províncias de Alessandria e Cuneo no Piemonte, mas sua presença no Vale d’Aosta sob o nome de Malvoisie já foi atestado anteriormente e seu cultivo lá pode ser anterior à introdução da uva no Piemonte.
A Pinot Grigio ganhou fama no início do século XXI graças aos grandes volumes exportados de vinhos bastante frescos e leves, mas há diversos estilos sendo produzidos, mesmo na Itália.
Composto de Gewurztraminer 21,6%, Pinot Gris 18,4%, Sylvaner 21,4%, Riesling 23,3%, Pinot Blanc 10,5% e Muscat 4,8% (quanta precisão!) é um vinho frutado e gostoso de beber. Chama atenção pelo volume de boca, pela textura firme e pela acidez vibrante, que conferem profundidade e fluidez ao vinho.
Esse 100% Pinot Grigio, sem passagem por madeira, mas mantido durante 3 a 4 meses sobre suas borras. Apresenta fragrantes aromas de frutas vermelhas e cítricas, florais e de ervas, que se repetem no palato. Gostoso de beber, tem acidez afiada, que modera a sensação de dulçor, deliciosa textura e final médio e refrescante, com toques de toranja.
Branco elaborado de forma sustentável exclusivamente a partir de Pinot Grigio, sem passagem por madeira. De boa tipicidade, mostra frutas brancas e de caroço acompanhadas de notas florais e de ervas, que se confirmam na boca, com sua acidez vibrante e sua textura cremosa ditando as regras. Tem final médio/longo, com toques cítricos, de pêssegos e de pêras.