Enoturismo

O melhor do enoturismo no Alentejo!

Um roteiro de três dias com degustações nas melhores vinícolas desta região de Portugal

por Guilherme Veloso

Portugal é um paraíso para quem gosta de enoturismo. São muitos destinos sedutores, não só pela presença de vinícolas que valem a visita, mas também pelo acesso fácil (para os padrões brasileiros, as distâncias nunca são longas e as estradas, em geral, impecáveis), pela excelente oferta gastronômica, ou ainda porque as atrações não se limitam ao vinho e à comida.

Computando-se todos esses critérios, poucas destinações enoturísticas no país, um dos preferidos dos brasileiros atualmente, se comparam à região em torno da cidade de Évora, a capital informal do Alentejo.

Senão, vejamos. Évora fica a pouco mais de uma hora de carro (e o carro é fundamental para se aproveitar ao máximo uma viagem desse tipo) do aeroporto internacional de Lisboa. Boa parte do percurso é feito numa autoestrada que nos deixa cheios de inveja e tentados a pisar mais fundo no acelerador. Obviamente, o conforto tem seu preço. Paga-se “portagem”, o equivalente, em português de Portugal, ao nosso pedágio. Aliás, para quem se diverte com as diferenças entre as “duas” línguas irmãs, recomendo a leitura do impagável Dicionário de Português do Mario Prata, cujo provocativo subtítulo, “Schifaizfavoire”, já diz tudo. Infelizmente, está esgotado, mas pode ser encontrado em sebos. Ponto nº 2: Évora fica no coração do Alentejo, a maior região (vinícola, mas também geográfica) de Portugal. Por isso, não faltam vinícolas que justificam a quilometragem a mais, oferecendo diferentes programações, que vão da simples visita às caves com degustação de alguns rótulos a explorações arqueológicas e até passeios de balão. Algumas tem restaurante, o que permite unir o útil ao agradável, ou seja, fazer uma bela refeição no local, acompanhada, evidentemente, dos vinhos ali produzidos, o que é sempre uma experiência única. 

ATRAÇÕES

Templo de Diana é um dos marcos de Évora, cidade que faz parte do Patrimônio Histórico da Humanidade da Unesc

A própria Évora abriga grande número de excelentes restaurantes, entre os quais se destaca o tradicional Fialho, um dos mais visitados por brasileiros quando vão a Portugal. O mesmo pode ser dito de sua oferta hoteleira. Na própria cidade ou em suas vizinhanças há hotéis de todos os níveis e para todos os bolsos, alguns dos quais estabelecidos em monumentos históricos. É o caso da Pousada Convento de Évora, ou dos Lóios, como é mais conhecida, que integra a rede Pousadas de Portugal, operada pelo grupo Pestana; e a do Convento do Espinheiro, a pouco mais de 10 minutos de carro da cidade, um antigo convento em cuja bela capela ainda se oficiam casamentos e outras cerimônias religiosas.

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Além do famoso Fialho e do Taberna Típica Quarta-Feira, Évora ainda tem o clássico Tasquinha do Oliveira

Mas isso não é tudo. Desde 1986, o centro de Évora, circundado por muralhas, está inscrito no Patrimônio Histórico da Humanidade da Unesco, por abrigar monumentos como um bem conservado templo romano, que se supõe ter sido dedicado à deusa Diana, daí ser conhecido popularmente como “Templo de Diana”. Outra atração imperdível da cidade é a famosa “Capela dos Ossos” na igreja de São Francisco. Construída no século XVII, ela guarda restos mortais (daí seu nome) de 5 mil monges que viveram na cidade. À entrada, um lúgubre, mas bem-humorado, aviso adverte: “Os ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.

A seguir, ADEGA propõe um roteiro de visita à região de Évora que pode ser realizado em dois ou três dias, dependendo da disponibilidade de cada viajante. Se for feito em época de alta temporada, como as férias de verão na Europa, recomenda-se evitar os finais de semana, quando a pequena cidade fica lotada de turistas.

1º DIA

Capela dos Ossos

Évora deve ser percorrida a pé. Portanto, procure chegar cedo e deixe o carro no hotel que tiver reservado. Como nem todos dispõem de estacionamento, há estacionamentos públicos próximos às entradas da cidade. A praça do Giraldo, com sua fonte, é um bom lugar para começar o passeio. Quando bater a fome, dirija-se ao restaurante escolhido. A maioria deles, como o já citado Fialho, são pequenos, portanto, é fundamental reservar com antecedência. 

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Após o almoço, que será invariavelmente acompanhado por um bom tinto ou branco alentejano, retome o passeio. Além das atrações mais conhecidas, como o Templo de Diana, a Capela dos Ossos e a Sé (catedral), o melhor é se perder pelas ruas estreitas e bem conservadas da cidade. Não deixe de dar uma passada na Pousada dos Loios, mesmo que não esteja hospedado por lá (sempre é possível tomar um chá ou café, para justificar a visita). À noite, escolha outro restaurante, entre os muitos que a cidade oferece. Uma boa opção para os enófilos é a Enoteca Cartuxa, que pertence à Fundação Eugênio de Almeida. A vantagem é que ali se podem provar todos os vinhos desse produtor, a maioria também “a copos”, como se diz em Portugal, acompanhados de petiscos ou da boa culinária alentejana, na qual os pratos à base de porco (e, obviamente, bacalhau) estão sempre presentes. Além do restaurante, o espaço oferece uma loja, onde é possível comprar os vinhos e azeites da Cartuxa, inclusive o lendário (para os brasileiros) Pêra Manca. Em tempo: embora a Enoteca se situe no centro da cidade, os vinhos não são produzidos ali.

Após o jantar, recomenda-se um último passeio a pé. Alguns monumentos, como o dedicado a Diana, ficam ainda mais bonitos iluminados.

2° DIA

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Herdade do Esporão

Se você dispõe de pouco tempo para visitar vinícolas, não precisa pensar duas vezes. Pegue o carro e siga para a Herdade do Esporão, que fica a aproximadamente 30 minutos do centro de Évora. Além de produzir ampla gama de vinhos (e de azeites) de alta qualidade, em diferentes faixas de preço, a Herdade mantém excelente programação voltada ao enoturismo. Por isso, vale o alerta de que é melhor reservar antecipadamente o seu tour, porque os horários (e as línguas em que são conduzidos, português ou inglês) variam.

Dos programas oferecidos, dois merecem destaque: Visita Guiada às Caves e Adegas com Prova de 3 Vinhos e Passeio em Van com Visita ao Centro Histórico. O primeiro é mais voltado para quem se interessa primordialmente pela produção de vinhos; o segundo, por história e arqueologia. O passeio inclui visita à Torre do Esporão, do século XVI. Símbolo da propriedade, ela dá nome a seu vinho topo de gama e hoje abriga um museu com peças selecionadas do sítio arqueológico descoberto na vasta propriedade. Também se visita uma antiga capela, junto à Torre, que foi totalmente recuperada. Para quem se interessar por conhecer melhor o mundo do azeite, Esporão oferece uma visita ao lagar com prova comentada dos diferentes tipos de óleo de oliva que produz.

Qualquer que seja a opção escolhida (fazer mais de um programa no mesmo dia, além de cansativo, tomaria muito tempo), não deixe de casar a visita com um almoço no restaurante da Herdade (reservar!). Dizer que ele é, possivelmente, o melhor restaurante de vinícola em Portugal talvez não faça justiça à qualidade do que é servido, sempre com prioridade a produtos locais. Embora exista a opção de pedir a la carte, o mais recomendado é escolher um dos dois menus oferecidos: 5 momentos e 7 momentos a, respectivamente, 50 e 65 euros. Por mais 15 ou 20 euros, os pratos serão harmonizados com três ou quatro vinhos do Esporão, mas também é possível pedir uma garrafa especial.

Além do restaurante, a Herdade conta com um Wine Bar e loja de vinhos, para quem quiser abastecer a adega, inclusive com safras mais antigas do Private Selection, tinto ou branco, cujos rótulos são ilustrados por conhecidos artistas portugueses.

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Vista de Monsaraz

Após a visita e almoço na Herdade do Esporão, a dica é seguir caminho pela estrada que leva à Espanha e fazer uma última parada na pequena, mas encantadora, cidade-fortaleza de Monsaraz. O tráfego de veículos é proibido, mas há estacionamentos perto das portas que dão acesso à vila. Além do charme de seu casario e ruas estreitas, Monsaraz oferece uma bela vista da planície abaixo, onde corre o rio Guadiana, fronteira entre os dois países.

Depois de um dia tão cheio como esse, melhor fazer uma refeição leve, (um desafio em Portugal!), antes de se recolher ao hotel.

3º DIA

Se tiver que voltar a Lisboa, ou seguir caminho logo cedo para seu próximo destino, a viagem termina no que em Portugal se chama de “pequeno almoço”. Mas, se ainda dispuser de algum tempo, há duas possibilidades. A primeira é permanecer em Évora para visitar outros monumentos históricos da cidade, como o Aqueduto, parte do qual ainda pode ser percorrido a pé. E conhecer mais um de seus restaurantes.

A segunda opção é incluir duas visitas já no caminho de volta: uma vinícola e uma pequena cidade cujo nome virou sinônimo de um produto. Ambas ficam a pouco mais de 20 quilômetros de Évora, portanto, o desvio não é grande.

Vinícola Monte da Ravasqueira

A vinícola é a Monte da Ravasqueira, enorme propriedade que não se limita a produzir ótimos vinhos (o MR Rosé Premium é considerado um dos melhores de Portugal), já que também se dedica a criação de gado e de porco preto alentejano, assim como à produção de cortiça.

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Museu de Atrelagens

Além de degustações guiadas, ela oferece ao enoturista a oportunidade de visitar seu Museu de Atrelagens (carruagens tipo charretes), de diferentes épocas e estilos, que marcaram a vida da família proprietária. Já a pequena vila de Arraiolos, distante 10 minutos de carro da vinícola, tem como marca registrada os tapetes coloridos, bordados à mão com diferentes motivos pelas mulheres da cidade, numa tradição que se iniciou, segundo se estima, no século XII, talvez por influência dos mouros que dominaram a região. Por ser bastante procurada por turistas, Arraiolos tem boa oferta de restaurantes, como o que atende pelo curioso nome de República dos Petiscos. E é quase impossível sair da vila sem levar na bagagem um tapete de confecção local. Mas, ao comprá-lo, cuidado com o tamanho, para não se lamentar na hora em que for fechar as malas para a viagem de volta ao Brasil.

Dicas de hotés em Évora

NO CENTRO HISTÓRICO

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Pousada Convento de Évora (Pousada dos Lóios)

Antigo convento transformado em hotel. Integra a rede Pousadas de Portugal, administrada pelo grupo Pestana de hotéis.

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M’Ar de Ar Aqueduto e M’Ar de Ar Muralhas

Dois hotéis modernos e confortáveis pertencentes à mesma rede hoteleira. O Aqueduto é 5 estrelas e seu restaurante (Degust’AR) é considerado um dos melhores da cidade.

FORA DO CENTRO HISTÓRICO

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Convento do Espinheiro

Também instalado num convento, numa grande propriedade a 10 minutos de carro do centro histórico. Além das comodidades habituais (piscina, spa etc.), sua bela capela ainda oficia cerimônias religiosas.

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Ibis Évora

Como todos os hotéis dessa bandeira, oferece conforto sem luxos por preços atraentes.

Dicas de restaurantes em Évora

NO CENTRO HISTÓRICO

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Fialho

Ícone de Évora, é um dos preferidos dos brasileiros (um de seus clientes mais ilustres é o ex - presidente FHC) em visita a Portugal. Reservar.
Tasquinha do Oliveira

Outro clássico da cidade. Siga as indicações do proprietário para os pratos e os vinhos e não se arrependerá. Como tem poucas mesas, é indispensável reservar.

Taberna Típica Quarta-Feira

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Aqui o cliente não escolhe nem o que vai comer nem beber (os vinhos servidos são produzidos para o restaurante pelo conhecido enólogo Paulo Laureano). Há quem ame e quem odeie a proposta. Para testá-la na prática, é preciso reservar.

Enoteca Cartuxa

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Misto de bar, restaurante e loja de vinhos da Fundação Eugênio de Almeida (Adega da Cartuxa), que produz, entre outros, o afamado Pêra Manca.

FORA DO CENTRO HISTÓRICO

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Restaurante da Herdade do Esporão

Um dos melhores restaurantes em vinícolas de Portugal. Mesmo para quem não pretende programar uma visita à própria vinícola, vale a ida até lá. Fica a aproximadamente 30 minutos de Évora.

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