por Redação
O local do cultivo influencia no gosto de um vinho, assim como a variedade escolhida. Climas frios podem gerar vinhos menos frutados e com mais nuances vegetais e de aromas relacionados a terra e pedras
Frutas, flores, ervas e especiarias, sempre esperamos tais aromas 'solares' de vinhos frescos, sejam eles brancos ou tintos. Mas de vez em quando os sommeliers e degustadores descem para o chão da floresta imaginária que se forma na taça para pronunciar: "Terroso".
Mas o que seria a sensação de terra, e como ela se manifesta na taça? Folhas molhadas? Rochas molhadas? São bons caminhos para aguçar nossas lembranças e memórias olfativas.
Pensemos nos cheiros de um quintal, desde o solo virado no jardim até a passagem de uma rápida tempestade em solo seco de pedras, os aromas característicos que pairam no ar. Aliás, existe até um termo para o cheiro gostoso da chuva: "petrichor".
Há também aromas associados a vegetais como a beterraba, por exemplo, e seu cheiro de "sujeira", de terra sobre a casca. Beterraba é uma referência de aroma em tintos como pinot noir da Borgonha, que inclusive farão boa copanhia na mesa a um risotto feito com o vegetal cor de sangue e sua características... Terrosas.
Na lista das uvas conhecidas por perfis de terra estão Sangiovese, Nebbiolo, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Tempranillo e Mencía. A Syrah, conhecida por suas notas de azeitona preta, especialmente no Vale do Ródano, na França, exibe notas terrosas como sujeira, brasas ardentes e grafite.
Sangiovese, Nebbiolo, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot são algumas das variedades conhecidas por descrições de notas 'terrosas'
O local de cultivo também pode influenciar. Em climas mais frios, como muitas regiões clássicas do Velho Mundo, e algumas partes do Chile e da África do Sul, as uvas não acumulam tanto açúcar. Os vinhos são menos orientados para frutas e tendem a exibir mais notas de terra do que aqueles vindos de lugares de sol intenso.
Outras notas de degustação como "curral", "manta de cavalo" e até "estrume" obscurecem as linhas entre a agradável terra rústica e uma falha de vinho gerada pela Brettanomyces, uma levedura selvagem. Antes que ela fosse identificada, seus sabores característicos eram associados a muitas denominações e uvas de prestígio, principalmente o sul do Vale do Ródano, na França. No entanto, alguns enólogos permitem que pequenas quantidades da Brett entrem em seus vinhos como uma opção estilística.
Lembramos ainda que uma série de aromas complexos e ligados à terra, como o de cogumelos, ou mesmo couro e tabaco, estão na lista dos chamados aromas terciários, gerados a partir do envelhecimento do vinho em barrica ou do amadurecimento em garrafa.
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