Religião

O significado do vinho na religião

Bebida milenar, o vinho está fortemente presente nas principais celebrações religiosas do mundo

por Carolina Almeida

Vinho faz parte das tradições judaicas em diversas celebrações

O vinho é uma bebida milenar, e, sendo assim, sua associação com a religião ocorre de maneira tão natural que chega até a ser esquecida. A bebida de Baco está presente em diversos rituais religiosos de duas das três religiões abraâmicas (menos no Islamismo, que não permite consumo de bebidas alcoólicas). No cristianismo, ele representa o sangue de Jesus; no Judaísmo, é presença constante no Antigo Testamento (de toda a Bíblia, apenas o Livro de Jonas não faz menção ao vinho) e, de acordo com os seguidores de Moisés, a primeira visão do que seria a “Terra Prometida” foi um cacho de uvas.

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Catolicismo

No catolicismo, o vinho está intimamente ligado a Jesus. Além da lendária transformação da água em vinho, realizada por ele a pedido de sua mãe nas bodas de Canaã, o acontecimento mais marcante de Cristo com a bebida foi durante a Última Ceia.

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No catolicismo, o vinho representa o sangue de Cristo

Em sua última refeição, depois de ter comido um pedaço de pão, Jesus tomou um cálice de vinho, levantou e disse aos apóstolos: “Este é o meu sangue”. Daí nasceu a Eucaristia, o momento mais importante da missa. No grego, idioma em que foi escrito o Novo Testamento, “eucharistia” era a palavra designada para cerimônias em que havia agradecimentos formais aos deuses. No momento da Eucaristia, o padre personifica o Cristo (o pão representa o corpo, e o vinho, o sangue) e repete as palavras proferidas durante a Santa Ceia.

Para a celebração, é necessário um vinho especial, especificado pelo Concílio de Trento. Segundo essas leis, ele deve ser natural e genuíno, sem a mistura de substâncias estranhas. Geralmente, o vinho usado nas missas é de alto teor alcoólico por não ser guardado em local refrigerado e também para mantê-lo íntegro por mais tempo, uma vez que é consumido aos poucos.

Para os católicos ortodoxos, a relação com o vinho é ainda mais próxima. Durante as cerimônias de casamento, os noivos tomam três goles de vinho cada um, da mesma taça, simbolizando o Pai, o Filho e o Espírito Santo. No batismo, as crianças recebem uma quantidade mínima de vinho e pão.

Judaísmo

Tão importante quanto no catolicismo, o vinho na religião judaica apresenta um sentido completamente diferente, já que os judeus não aceitam a imagem de Jesus como o “filho de Deus”. Mas a Bíblia conta que, após descer da arca, Noé plantou uma videira para celebrar a vida, e desde então, o vinho simboliza a alegria. Para os judeus, a bebida é uma forma de bênção e é consumido em diversas ocasiões. Ele serve como uma espécie de “fio condutor” das comemorações judaicas. Na Páscoa (Pessach), devem ser tomados quatro cálices; nos casamentos, dois; e nas circuncisões, um. O início do Sabbath (depois do pôr-do-sol da sexta-feira) é marcado por uma taça de vinho, assim como na cerimônia de Kidush (bênção recitada sobre o vinho para santificar o Sabbath ou outra festa judaica) e na Havdalah, que assinala o final do Sabbath. Mas não é só nas alegrias que o vinho é lembrado. Nos antigos funerais, um “cálice de consolação”, composto por dez taças de vinho, era servido aos parentes mais próximos do falecido.

Os vinhos e demais alimentos consumidos pelos judeus, especialmente pelos mais ortodoxos, têm que ser kosher. Para um vinho ter certificado de “bebida kosher” (kosher quer dizer apropriado em hebraico), é necessário que alguns critérios de produção sejam obedecidos. Não é permitido que sejam usados frutos nos três primeiros anos de plantio da videira. Apenas a partir do quarto ano é que eles estarão aptos a produzir um vinho “puro”. A cada sete anos, o vinhedo precisa de um ano de descanso. Além disso, desde o momento em que as uvas são prensadas até o engarrafamento do vinho, o caldo não pode ser tocado por ninguém que não seja judeu. Todas as substâncias utilizadas na fabricação da bebida também devem ser kosher e o processo todo é acompanhado por um rabino, afim de garantir o cumprimento das leis.

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