Ludovico Antinori foi o responsável por fundar o espaço
por Arnaldo Grizzo

A década de 1970 na Toscana foi bastante movimentada. Na época, os produtores começaram a questionar as regras dos vinhos de Chianti, que, segundo eles, não valorizavam os vinhos produzidos. Então, muitos deles passaram a criar vinhos com uvas francesas e, portanto, não poderiam ser rotulados dentro da denominação de origem. Nasciam, assim, os primeiros Supertoscanos.
Até hoje há uma disputa entre as famílias Antinori e Incisa della Rocchetta para saber quem foi o pioneiro, se o Tignanello ou o Sassicaia. Mas, o que realmente importa é que, após essas primeiras transgressões e o crescente sucesso desses vinhos, outros passaram a seguir o mesmo caminho. Um deles foi Ludovico Antinori, irmão mais novo de Piero, criador do Tignanello, e primo de Mario, o homem por trás de Sassicaia.
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Em 1981, o marquês Ludovico fundou Ornellaia, uma propriedade herdada de sua mãe, em Bolgheri, na Toscana, muito próxima da Tenuta San Guido, onde Mario Incisa della Rocchetta produzia seus vinhos. O nome Ornellaia deriva das árvores que crescem no local, uma espécie chamada Fraxinus ornus, que produz flores cinzentas e, na região, é conhecida como ornella.
Os primeiros vinhedos da propriedade de cerca de 90 hectares foram plantados logo no ano seguinte. O aclamado enólogo André Tchelistcheff foi quem orientou Antinori no início. A primeira safra ocorreu em 1985. O primeiro Ornellaia, feito com 80% de Cabernet Sauvignon, 15% de Merlot e 5% de Cabernet Franc, foi ao mercado em 1988, um ano depois de a vinícola propriamente dita ter sido construída. Pouco depois, em 1991, Ornellaia passou a ter a consultoria de Michel Rolland, um dos mais famosos enólogos do mundo.
No fim dos anos 1990, a Tenuta dell’Ornellaia teve mudanças importantes. Em 1999, Robert Mondavi, um dos principais produtores de vinho na Califórnia, Estados Unidos, adquiriu parte das ações da empresa. Pouco tempo depois, os Mondavi já eram donos da companhia.
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Em 2002, porém, Mondavi iniciou uma parceria com outra família tradicional da Toscana, os Frescobaldi, que ficaram com 50% de Ornellaia. Três anos depois, contudo, os Frescobaldi assumiram total comando ao comprar a cota restante da Constellation Brands, empresa que assumiu a vinícola de Mondavi.
Assim como Sassicaia, Solaia, entre outros, Ornellaia faz parte dos ícones Supertoscanos. Os vinhedos com Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot estão a poucos quilômetros do mar Tirreno. O solo tem uma mescla de origens – marinha, aluvial e vulcânica – que deixa sua marca no vinho. O enólogo responsável atualmente é o alemão Axel Heinz, ainda com a consultoria de Rolland.
São produzidas cerca de 140 mil garrafas de Ornellaia por ano. As últimas safras apresentam um blend mais homogêneo entre as castas, sem uma superioridade tão grande da Cabernet Sauvignon, nem da Merlot, que vem ganhando destaque com o tempo. A propriedade lançou um segundo vinho, Le Serre Nuove dell’Ornellaia em 1997, produzido com uvas de vinhas mais jovens. Há ainda o Le Volte dell’Ornellaia, o Variazioni in Rosso dell’Ornellaia, além dos brancos Ornellaia e Poggio alle Gazze dell’Ornellaia, e o doce Ornus dell’Ornellaia.
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Uma das colinas da propriedade, com apenas 7 hectares, foi plantada com Merlot, com a indicação de André Tchelistcheff. Anos mais tarde, essa região daria origem a um dos mais aclamados Merlots do mundo, o Masseto. O sucesso foi tanto que Ornellaia e Masseto costumam ser tratadas como propriedades distintas pelos Frescobaldi.
Em 2008, para celebrar os 20 anos do lançamento do primeiro Ornellaia, a família Frescobaldi lançou o projeto Vendemmia d’Artista. A cada ano, um artista contemporâneo é comissionado para criar um rótulo para uma edição limitada de garrafas – sendo uma série de grandes formatos com 100 double magnum, 10 imperials e uma salmanazar. Os artistas são convidados ainda a criar intervenções com seus trabalhos na vinícola. O mais recente artista convidado – para criar os rótulos para a safra 2014 – foi o brasileiro Ernesto Neto.
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