As geadas tardias foram apontadas como principal vilã para o resultado
por André De Fraia
O Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux (CIVB), órgão responsável por gerir a região, revelou os números finais da safra 2021: colheitas 20% abaixo da média dos 10 anos anteriores da região e 14% abaixo de 2020. Ou, segundo estimativa do CIVB, uma produção total de pouco mais de 503 milhões de garrafas da safra de 2021, o que é significativamente abaixo da média que ultrapassa as 600 milhões de garrafas com facilidade.
O ano das vinícolas começou bem com a brotação vindo mais cedo do que o habitual em meio a um clima muito ensolarado em março, porém logo o clima mudou e vieram as geadas tardias ou geadas da primavera. Muitos dos jovens botões foram destruídos pelo fenômeno que atingiu a região no início de abril.
Os brancos doces da região, incluindo Sauternes, sofreram as quedas mais acentuadas em relação ao ano anterior, amargando uma queda de superior aos 50%. No entanto, as condições climáticas foram perfeitas para o crescimento de Botrytis cinerea e a podridão nobre, e os produtores relataram altos níveis de acidez e concentração nas uvas, portanto a qualidade desse estilo deve ser alta.
Na margem esquerda, Médoc foi pouco afetado, a colheita diminuiu apenas 6% na região que representa 15% da produção total de Bordeaux. Já os produtores de Graves relataram um declínio de 25% na produção em relação a 2020. No entanto, a situação é pior para o vinho tinto da margem direita. Segundo as autoridades os rendimentos combinados de St-Emilion, Pomerol e Fronsac caíram 21% em relação ao ano anterior.
De maneira geral, a produção de vinhos com denominação Bordeaux e Bordeaux Supérieur caiu 15% para um total de 165 milhões de litros, enquanto Côtes de Bordeaux caiu 14%, totalizando 4,8 milhões de litros.