As diferentes tonalidades podem revelar muito sobre o vinho
por Eduardo Milan
Para analisar a cor de um vinho, incline a taça sobre uma superfície branca, sob a luz, e perceba as nuances
Nos tintos, a cor vem de componentes químicos pigmentados presentes na casca da uva, os chamados polifenóis. Os dois principais grupos de polifenóis são as antocianinas e os taninos, ambos extraídos durante a vinificação. A quantidade, tonalidade e intensidade da cor do vinho tinto variam de acordo com três fatores principais: a variedade da uva, o grau de maturidade na hora da colheita e o tempo de maceração do líquido com as cascas durante o processo.
As antocianinas são púrpuras, já os taninos por sua vez apresentam nuances âmbar, alaranjadas e amareladas. As antocianinas predominam nos tintos jovens. Por isso, a coloração dos taninos acaba sendo marca de que o vinho é mais maduro. Em outras palavras, à medida em que o tinto envelhece, os toques púrpura (roxos, vermelhos, carmim) das antocianinas vão se dissolvendo, deixando que os tons alaranjados e de cor vermelho tijolo característicos dos taninos prevaleçam.
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Mas o que todas essas cores e evoluções implicam no sabor e no tipo do vinho? De forma geral, tintos de cor vermelha mais profunda passam a impressão de que proporcionarão sensações e sabores mais intensos. Entretanto, não se pode confundir potência com qualidade, pois existem vários vinhos excepcionais de coloração menos intensa.
A sistemática da cor nos vinhos brancos é muito diferente do que a observada nos tintos - e também mais complexa. Isso porque, na vinificação de brancos, praticamente não se utilizam as cascas - há pouco contato entre a polpa extraída das uvas e as suas cascas - e, assim, sua coloração depende de outros fatores.
Em linhas gerais, a coloração dos brancos se torna mais intensa à medida em que eles envelhecem, como resultado dos processos naturais de oxidação e polimerização. Além disso, a passagem dos brancos por carvalho também lhes confere cor, já que o vinho acaba adquirindo tonalidade mais escura, advinda não só do próprio contato com a madeira, mas também da maior oxigenação que o líquido sofre nesse meio.
Para se analisar a cor do vinho, recomenda-se servir não mais do que um terço da bebida em uma taça e incliná-la sobre uma superfície branca (pode até ser sobre um guardanapo, por exemplo), preferencialmente sob a luz, e incliná-lo até que o líquido quase atinja a borda. Dessa forma, é possível enxergar todas as nuances da coloração do vinho.
Vinhos tintos - Os tintos têm sua cor suavizada à medida que envelhecem. Normalmente, a coloração evolui de acordo com a seguinte escala: púrpura/violeta, vermelho-rubi, granada/tijolo, acastanhado. Observa-se também a cor do halo, ou seja, da borda do vinho em si. Em vinhos mais jovens, essa borda tem tons violeta, que evoluem para tons de granada/tijolo com o passar do tempo.
Vinhos brancos - Nos brancos, a intensidade da cor tem menor importância do que nos tintos. Os principais aspectos a serem observados são a transparência e o brilho. De qualquer forma, brancos se tornam mais escuros à medida em que envelhecem, passando normalmente pelas seguintes fases: amarelo muito claro, amarelopalha, dourado e âmbar.
Vinhos rosados - Nos rosados, a cor não é necessariamente indicativa da idade do vinho, já que costumam ser bebidos jovens. Os diferentes tons e nuances refletem quais tipos de uva foram utilizados em sua elaboração e o tempo em que o líquido esteve em contato com as suas cascas durante o processo de produção. De qualquer forma, sua coloração varia entre rosa, salmão e alaranjado.
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