Juan Carlos Reppucci tem mais de 7 mil exemplares num apartamento (que era do Emerson Fittipaldi) só para eles!
por Redação
A biblioteca com mais de 7 mil livros sobre vinho
O que leva alguém a colecionar livros de vinho?
Se é difícil definir a paixão pela bebida, mais complicado ainda é explicar como o argentino Juan Carlos Reppucci chegou ao acervo respeitado pelos maiores colecionadores de obras ligadas à cultura do vinho no mundo, incluindo museus.
A impressionante biblioteca de Reppucci, que há mais de 40 anos se instalou no Brasil, fica em um apartamento contiguo ao seu (no qual viveu o piloto Emerson Fittipaldi) no bairro do Itaim, em São Paulo.
Diz ele, aa coleção começou fortuitamente.
Nos anos 1970, ele atuava como engenheiro de estradas na Argentina, quando um churrasco com vinhos fez com que ele se apaixonasse pela bebida. “Queria saber mais e comprei uns livros para isso”, conta.
A situação na Argentina, contudo, fez com que o dono da empresa para a qual trabalhava decidisse ir para o Brasil. Reppucci resolveu vir junto e, aos poucos, foi adquirindo partes da companhia. Com o tempo, fez fortuna na área de construção de obras públicas e concessões com a firma “CCI Concessões e Construções de Infraestrutura”
Mas foi em uma viagem a Buenos Aires que o “vício” se iniciou.Foi lá, nos anos 1980, que descobriu o mundo dos livros antigos e raros e adquiriu seus primeiros títulos.
A curiosidade e a paixão de Reppucci pelos livros antigos com tema de vinho foi crescendo cada vez mais e o levou até um campo muito estimado pelos colecionadores de livros, os incunábulos, os primeiros livros impressos na história.
A parte onde essas preciosidades estão guardadas em sua biblioteca é certamente a favorita de Reppucci, que faz questão de mostrá-la aos seus visitantes.
“Muitas bibliotecas importantes do mundo não têm essa quantidade”, comenta orgulhoso Reppucci, que vai direto à prateleira e retira uma de suas maiores “riquezas”, um exemplar da História Natural de Plínio, o Velho.
Mas ele possui livros ainda mais antigos e raros. Um deles é um exemplar manuscrito (isso mesmo, feito por escribas) por volta de 1230 da RuraliaCommoda, de Pietro de’ Crescenzi. Um manual de agricultura cujo autor se baseou em outros títulos clássicos para produzir, como o De Re Rustica, de Columella, por exemplo.
Reppucci não revela quanto gastou com sua coleção de livros e, apesar de não ter parado de comprar, diz que é cada vez mais seletivo. Se antes ele ia atrás dos livreiros, hoje são eles que lhe contatam com “novidades”.
Na hora da escolha, ele aponta que, assim como no mundo dos vinhos, é origem que conta no universo dos livros raros. “De onde eles vêm? Como foram mantidos? ” É preciso ficar atento ainda a o que pode ter sido roubado e falsificações. “Tenho um aqui exemplar pirata, feito na Suiça, de 1700. Era um livro difícil de encontrar, então foi feita uma cópia. ”
Repucci não fala sobre os custos de manutenção da biblioteca, que tem controle de temperatura e umidade, além do trabalho constante de higienização dos livros. Os títulos novos ficam em quarentena antes de se juntarem aos outros da biblioteca, para garantir que possíveis infestações não se propaguem.
Sobre o futuro de sua coleção de livros, Reppucci não sabe dizer o que acontecerá com ela. O mesmo vale para as 1500 garrafas que ocupam quatro adegas no seu apartamento, em São Paulo, e uma na casa de campo, em Monte Verde, no sul de Minas.
Quando questionado sobre quais rótulos coleciona, responde: “Não coleciono, bebo”. Mas enumera alguns châteaux clássicos bordaleses, domaines borgonheses de prestígio e nomes famosos de outros países. Seu preferido é La Mission Haut-Brion (pelo qual se apaixonou depois de beber uma safra 1978).
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