Escola do vinho

Vinho de talha: os segredos do português que dorme em ânforas de barro – até hoje!

O vinho de talha surgiu na época dos romanos, 2,3 mil anos atrás!

por Redação

As famosas ânforas utilizadas no vinho de talha

O Vinho de Talha, esse tradicional vinho português, produzido especialmente nas regiões que circundam o Tejo, sobrevive desde quando os romanos introduziram as vinhas e os processos de vinificação na Península Ibérica.

Basicamente, o vinho de talha nada mais é do que um vinho feito em ânfora de barro. Crê-se que o nome “talha” seja uma derivação do latim “tinalia”, que significa “vaso de grandes dimensões”.

Tradicionalmente, para produzir o vinho de talha, as uvas são esmagadas (normalmente pelo sistema de pisa) antes de serem colocadas no recipiente. Vindo de uma tradição ancestral, tende-se a não fazer intervenções no vinho, portanto, espera-se que a fermentação se inicie naturalmente por meio das leveduras indígenas.

Assim que a fermentação começa, o chapéu, ou seja, peles e outros restos sólidos da uva e seu cacho, sobe devido ao gás carbônico até a boca da talha. Essa “manta” costuma ser mergulhada pelo menos duas vezes ao dia até o fim da fermentação, quando ela desce para o fundo do recipiente.

Nesse momento o processo é dado como terminado e um pano ou uma placa de madeira é colocado para tampar a talha. Antigamente se “isolava” o vinho com uma capa de azeite de oliva de cerca de 3 cm, algo raramente feito hoje em dia.

Esta parte sólida auxilia na filtragem do vinho que tradicionalmente vai da talha direto para a taça por meio de uma torneira fixada na parte final da talha.

Brancos e tintos são feitos da mesma forma, e também é comum a mistura dos dois tipos de uva, dando origem a um vinho rosé conhecido como “petroleiro”.

Entre as tradições ligadas ao vinho de talha está a festa da “abertura das talhas”, que geralmente ocorre no dia de São Martinho, celebrado em 11 de novembro. Em geral, os vinhos são mantidos dentro da talha até esta data, que costuma coincidir com o fim da fermentação e o tempo necessário para a decantação do chapéu. Diz-se, aliás, que antigamente os produtores simplesmente colocavam o mosto na talha e não o provavam até o dia de São Martinho.

Os vinhos de talha, assim como outros estilos de vinho produzidos de forma quase ancestral, vivem um renascimento nos últimos anos. A pouca intervenção faz com que sejam vinhos muito francos, de fruta muito presente e direta, e, devido à talha e ao processo de produção, geralmente apresentam toques ligeiramente minerais e oxidativos.

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