Basicamente, ele é um branco vinificado como um tinto – e o pessoal dos vinhos naturais adora
por André De Fraia
Apesar da tecnologia de ponta, a vinificação muitas vezes olha para o passado para buscar “novas” formas de se fazer vinho. É assim com os vinhos salgados portugueses ou mesmo com as técnicas menos intervencionistas de se produzir nossa amada bebida.
Um desses estilos que renasceram nos últimos anos foi o vinho laranja, especialmente pelo grande interesse dos produtores de vinhos naturais por ele. Essa metodologia ancestral de vinificação nasceu provavelmente na atual Geórgia, país na intersecção da Europa com a Ásia.
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A técnica, que data de 8 mil anos, consiste basicamente na produção de um vinho branco, utilizando as técnicas de vinho tinto. Ou seja, a polpa da uva é mantida por longo tempo em contato com as cascas, adquirindo, desse modo, elementos como polifenóis, uma cor alaranjada e textura rugosa, mais densa e encorpada do que os brancos costumam ser.
E justamente esses polifenóis são os grandes atores aqui. Essas substâncias são responsáveis por conferir aromas mais intensos e adocicados que variam conforme a casta utilizada para fazer o vinho de um pêssego em calda até especiarias doces como canela.
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Na boca, o vinho laranja é potente e untuoso, o final é longo, mas sempre convidativo para um novo gole. Muitas vezes esse estilo pode assustar, com a técnica ancestral muitas vezes é utilizada na produção o cacho todo da uva, trazendo algumas substâncias que conferem adstringência ao vinho.
Não se assuste, passe o vinho por toda a boca e deixe a acidez fazer seu trabalho, limpando o palato e trazendo a refrescância típica do estilo.
E se a Geórgia foi o berço dos vinhos laranjas, hoje a técnica já se espalhou mundo afora, Alemanha, Itália, Chile, e Brasil são exemplos de países que produzem este estilo de vinho.