Mundovino

Fim da colheita na Europa confirma queda na produção mundial pelo terceiro ano seguido

Segundo órgãos mundiais, o problema é causado pelas variações climáticas

por Glaucia Balbachan

Uvas colhidas no Pomerol em setembro; várias regiões tiveram baixo rendimento devido ao granizo e à geada (Thibaud Moritz/Getty)

Uvas colhidas no Pomerol em setembro; várias regiões tiveram baixo rendimento devido ao granizo e à geada (Thibaud Moritz/Getty)

No ano de 2021, a França apresentou sua menor colheita desde 1957. E com ela, outros países produziram menos vinho por causa dos desafios climáticos trazidos no final da primavera com geada, granizo, seca, doenças nas videiras e incêndios florestais.

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O diretor geral da Organização Internacional de Videira e Vinho (OIV), Pau Roca, entregou informações recentes, além do ano ruim na França, as colheitas na Espanha e Itália que caíram 9%.

"O ano de 2021 mostrou-se muito infeliz para os três maiores países produtores de vinho— Itália, Espanha e França, que representam 45% da produção mundial", disse Roca.

Além desses três países, a Grécia, Áustria, Croácia e Eslovênia também sofreram rendimentos mais baixos em 2021. Ainda não se sabe determinar as perdas econômicas para os produtores afetados, mas já se sabe que será brutal.

No país da bota, onde a geada atingiu em 7 de abril, a Marchesi Antinori apresenta uma queda de 15% nos rendimentos. "2021 tem sido uma safra excelente em termos de qualidade, enquanto os rendimentos foram inferiores à média", disse Alessia Antinori, vice-presidente da Marchesi Antinori.

A região da Alsácia na França foi arrasada por doenças relacionadas ao clima. "Tínhamos antecipado uma safra decente, com a Alsácia aparentemente poupada pela geada severa em abril passado", disse Jean Frédéric Hugel, produtor da 13ª geração da Hugel et Fils. "Mas a primavera úmida e o início do verão causaram a maior parte dos danos com o mofo devastando os vinhedos."

“O mofo foi seguido por uma seca de três meses. Isso fez com que uma colheita extremamente boa teve baixa considerável de volume. Nossos rendimentos caíram 55% em comparação com os de 2020”, menciona Hugel.

Brotos devastados pelo pelos climas severos no último mês de abril nos países da França e Itália

Brotos devastados pelo pelos climas severos na França 

Outros países da Europa tiveram um pouco mais de sorte nesta safra como:   Alemanha, Hungria e Romênia, que conseguiram aproveitar as melhores condições meteorológicas. A Europa ainda fornecerá 58% da safra mundial de 2021.

Já o Hemisfério Sul, com exceção da Nova Zelândia, registrou seu maior rendimento com condições climáticas relativamente favoráveis. Quase um quarto da safra 2021 do mundo virá do Hemisfério Sul.

Além das adversidades climáticas que a Europa vem enfrentando, a escassez de vinho, o custo de fabricação, aumento dos preços de transporte, energia e a própria pandemia serão os novos desafios a serem enfrentados.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), as mudanças climáticas deixaram o clima extremo mais provável. Isso significa interrupção de negócios, falhas nas plantações, populações deslocadas e ecossistemas danificados causados por ondas de calor, seca, chuvas extremas, enchentes, incêndios florestais e pragas.

Roca diz que mesmo que a COP26 possa ou não ser um ponto de partida para os líderes políticos, muitos no mercado de vinhos vão escolher um futuro sustentável. “O setor terá que se adaptar. Está se adaptando, é resiliente. A própria planta é adaptável", finaliza.

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