Um dos segmentos mais sensíveis aos efeitos do clima é a produção de vinhos e organização planeja encontrar soluções viáveis para reduzir as emissões de poluentes
por Redação
A International Wineries for Climate Action (IWCA), uma organização criada para favorecer uma mudança nos processos de produção de vinho, através de métodos que permitam reduzir as emissões de carbono, quer ampliar o número de produtores de uvas e vinícolas dispostos a encontrar formas de descarbonizar o setor.
Criada em 2019 , o IWCA conseguiu reduzir, em apenas três anos, em 59.636 toneladas de emissões de carbono do setor, o que representa o que uma floresta com 28,5 mil hectares pode absorver de carbono em um ano. Sendo ainda o equivalente a emissão gerada por 12,5 carros de passeio ao longo de 12 meses.
Em entrevista recente ao El Confidencial, o presidente e cofundador da IWCA, Miguel A. Torres, alertou para os efeitos das mudanças climáticas na viticultura. Eventos recentes como queimadas no Chile e inundações na Nova Zelândia, mostram o potencial das alterações do clima na agricultura e os potenciais danos que podem causar no frágil ecossistema das vinhas.
“As tempestades são mais fortes, as secas são mais extremas, as geadas primaveris e as ondas de calor são mais frequentes, também há mais incêndios”, comentou Torres em entrevista.
Um dos problemas imediatos das mudanças climáticas poderá ser o de inviabilizar a produção de cultivos de determinadas uvas em regiões mais atingidas por aumento da temperatura, mudanças nos ciclos das chuvas, estações do ano com mudanças mais abruptas de temperatura e umidade, entre outros.
Em alguns casos o setor já assiste a mudança do cultivo para regiões mais altas, visando manter o controle ambiental, o que além de dificultar a produção e exigir grandes investimentos, restringe as áreas aptas para plantio de diversos tipos de uvas. Isso sem contar que embora encontre menores temperaturas e maior controle de umidade, a mudança esbarra em efeitos do clima, como maiores chances de granizo, neve ou geada.
“Estas vinhas em altura têm uma dificuldade acrescida, pois estão mais expostas ao granizo e isso obriga-nos a instalar redes anti-granizo para proteger a vindima”, explicou Torres ao El Confidencial.
A IWCA foi a primeira organização agrícola aceita no projeto para redução da pegada de carbono Race To Zero, das Nações Unidas, e busca agora modelos de gestão e agricultura que tornem viável a manutenção das vinhas atuais e minimize os riscos associados ao clima. Uma das propostas, em alguns casos já implementadas em vinícolas de diversos países, e a redução da matriz de combustíveis fósseis, optando pela geração de energia limpa, muitas vezes em áreas próximas, por exemplo, através de energia solar.
O reflorestamento também ter sido avaliado, com gestão de como compensar o impacto ambiental e a manutenção de um ecossistema para mitigação das mudanças climáticas. Entre as áreas de reflorestamento em avaliação pelo IWCA é o Chile e Espanha.
Todavia, apenas para reduzir em 25% os efeitos dos gases de efeito estufa gerados pela queima de combustíveis fósseis, seriam necessários mais de 500 bilhões de árvores, o que torna o desafio ainda maior. Por ora, a organização avalia soluções simples e que permitam mitigar no curto prazo a emissão de poluentes, desde resíduos plásticos até gases nocivos da queima de gasolina e diesel.