Enólogos estão resgatando uma técnica antiga de submersão de uvas no mar, que promete criar vinhos únicos com toques de salinidade e sabores intensos
por Arnaldo Grizzo
Além de garrafas de vinho submersas no mar, mais recentemente enólogos têm feito algo ainda mais “radical”, submergir as uvas antes de produzir o vinho. Pode parecer “novidade”, mas, isso, na verdade, é o resgate de uma técnica ancestral esquecida.
Pesquisadores como Attilio Scienza (que ajudou a reviver o vinhedo de Leonardo Da Vinci) acreditam que um dos vinhos mais cultuados da época romana, feito na ilha grega de Chios, era “levemente salgado” graças ao banho das uvas em água do mar.
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Depois de conhecer a pesquisa de Scienza, o enólogo Antonio Arrighi decidiu que faria um vinho com a mesma técnica na ilha de Elba. Lá, ele plantou a variedade Ansonica e passou a fazer experimentos.
As uvas foram submersas em cestas de vime por cinco dias, 10 metros abaixo da superfície. Submergir as uvas no mar removeu a flor de cera que se desenvolve em suas peles, o que permitiu secar ao sol mais rapidamente. A secagem das uvas é uma técnica usada para concentrar açúcares e sabores, mas o tempo de secagem mais rápido ajudou a preservar sabores e aromas frescos.
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Depois de envelhecer (em terra) por um ano, a safra inaugural de 2018, chamada Nesos, foi lançada com apenas 40 garrafas. Segundo o produtor, o “vinho marino” tem o dobro de fenóis de um vinho branco comum.
“A aparência é amarela enferrujada, ligeiramente velada. E o aroma sugere frutas brancas maduras, esmalte, verniz e amêndoa, enquanto revela um sabor persistente, complexo e prolongado, extremamente sápido”, disse Arrighi, que pretende comercializar a safra 2019 internacionalmente.
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