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Veja desenho para adega Château Cheval Blanc

Projeto do arquiteto Christian de Portzamparc partiu do novo formato das cubas de concreto abauladas

por Arnaldo Grizzo

O histórico Château construído por Jean Laussac-Fourcaud ainda no século XIX mantém suas linhas clássicas, no entanto, desde 2011, quando o projeto do premiado arquiteto Christian de Portzamparc ­ficou pronto, Cheval Blanc tornou-se, mais que uma lenda em vinho, um ícone da arquitetura moderna.

A ideia de reformar completamente a cantina do Château veio dos proprietários, Bernard Arnault e Barão Albert Frère, que não pouparam esforços para erigir um verdadeiro monumento em meio à paisagem vitivinícola de Saint-Émilion, uma das regiões mais tradicionais de Bordeaux.

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O desenho da nova adega foi baseado na ideia que o enólogo Pierre Lurton tinha para criar novas cubas de concreto para o espetacular vinho da propriedade. Ele queria cubas abauladas de diferentes formatos para cada parcela do vinhedo de Cheval Blanc, propriedade de 39 hectares que, desde 1871, manteve sua confi­guração de vinhedos quase intacta. Lá, as 237.288 plantas são tratadas individualmente, portanto Lurton queria poder separar cada parcela em uma cuba especí­fica.

A base curva dessas cubas ajudou o arquiteto francês de origem marroquina Christian de Portzamparc a elaborar as linhas do novo edifício, que abrigaria as 52 cubas encomendadas pelo enólogo. O vencedor do Pritzker Prize (equivalente ao Nobel de arquitetura) aproveitou ainda a ideia do material (concreto) para moldar o novo edifício.

Segundo ele, em sua composição “nenhuma linha é supérflua”. “Tudo contribui para o aperfeiçoamento do processo de vini­ficação e as ações que o quadro permite: a geometria de superfícies curvas e o material em concreto moldado, a atmosfera única que vem da luz natural descendo em direção ao solo, alisando paredes de rolamento que envolvem as grandes esculturas de concreto na cuba”.

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Segundo Lurton, o formato e o tamanho específi­co dados a cada uma das 52 cubas favorecem a oxigenação, assim como uma taça de degustação. A adega das barricas fi­ca abaixo, como uma cripta, em uma atmosfera totalmente diferente, alinhada com a parede de tijolo perfurado, para facilitar a ventilação natural. “Entre o interior e o exterior, a adega é um local de transformação e interação com a natureza. Estamos em um lugar onde um vinho excepcional é feito e onde, com a arquitetura, a modernidade se juntou à excelência de uma experiência muito antiga”, pondera Portzamparc, criador, entre outros projetos, dos maravilhosos edifícios da Filarmônica de Luxemburgo e da Cidade das Artes, no Rio de Janeiro.

Para quem vê de longe, a nova estrutura está completamente integrada à paisagem graças às suas curvas e ao jardim no teto, que deixa as estruturas ainda mais discretas. Uma escada dá acesso a essa área, que, ainda por cima, serve como belvedere no prolongamento do antigo Château.

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