Enoturismo

10 destinos de vinho

10 regiões vitivinícolas que você precisa visitar e as dicas das principais atrações

por Arnaldo Grizzo

Visitar regiões vinícolas é sempre um passeio especial. Além dos encantos naturais, há ainda a história da produção vitivinícola e o prazer de desfrutar de grandes vinhos em seus locais de origem. É por isso que os enófilos não se cansam de viajar pelo mundo, em busca de deleite e conhecimento.

Elencar apenas 10 regiões imperdíveis não é tarefa simples e, certamente, acaba por ser extremamente injusta. Para nós, cada lugar tem seus encantos que merecem ser conhecidos. No entanto, ainda assim, decidimos apontar os 10 lugares que mais nos agradaram, listando dicas para que você possa aproveitar o melhor de cada um deles.

Mendoza

Catena Zapata

No sopé da Cordilheira dos Andes, Mendoza talvez seja o destino vitivinícola mais prático e acessível para os brasileiros no exterior. A viagem não é longa, as opções de visitas são enormes, a comunicação é fácil e o câmbio favorável (na maioria das vezes). Atualmente, até voos diretos já existem. A charmosa cidade de Mendoza tem excelente infraestrutura turística e de hotelaria – das mais baratas às mais requintadas. Além disso, a gastronomia é fortíssima – muito baseada na carne, obviamente, mas com opções para todos os gostos. As vinícolas ficam espalhadas em locais não muito próximos da cidade, portanto, é preciso alugar um carro ou, a melhor opção, contratar um chofer (eles costumam cobrar preço fechado para levar os turistas para visitas a três vinícolas em uma mesma região durante o dia). Então, vale a pena sair cedo, conhecer desde vinícolas pequenas e artesanais até grandes conglomerados, mas todos certamente preparados para receber os visitantes. Escolha uma vinícola para fazer seu almoço e, à noite, saia dar uma volta pela cidade, que tende a manter o comercio aberto até mais tarde, pois, após o almoço, tudo fecha para a famosa sesta.

Toscana

Montalcino

A Toscana está no imaginário de qualquer turista, seja ele enófilo ou não. Difícil pensar na região e não sonhar com aquele cinematográfico pôr do sol sob as montanhas, desfrutando de um belo vinho e outras iguarias locais. Mas os encantos não se resumem somente às paisagens e à gastronomia, mas estendem-se ainda à rica história com castelos, torres e vilas medievais espalhadas entre Firenze (Florença) e Siena, aliás, dois ótimos pontos de partida para essa viagem. Ao redor de Florença, berço do Renascimento, está a clássica região de Chianti, com vinícolas tradicionalíssimas. Vale a pena alugar um carro para percorrer as longas distâncias, assim como também é interessante se hospedar em pousadas nos vilarejos ou mesmo em vinícolas para viver uma experiência mais bucólica e relaxante, em meio a vinhedos e olivais. Não vão faltar opções de roteiros diários para fazer, cada um mais interessante que o outro. Aproveite para “se perder” e apreciar as paisagens deslumbrantes em meio aos Apeninos.

Napa Valley

Chateau Montelena

O vale do Napa é a capital do vinho nos Estados Unidos. Juntamente com Sonoma e Mendocino, essas regiões poderiam ser consideradas a Disneylândia do vinho tamanha a quantidade de atrações pelo caminho. O enoturismo é fortíssimo em toda a área, que está repleta de excelentes hotéis, roteiros – de carro, trem ou balão – e grandes experiências gastronômicas. O ponto de partida pode ser a belíssima cidade de San Francisco (de lá até Napa leva-se 1h30 tomando a famosa Highway 29, que corta o vale). Alugue um carro e reserve pelo menos um dia de visitas para cada uma das regiões. São inúmeras vinícolas clássicas (como Robert Mondavi, Francis Ford Coppola, Stag’s Leap, Montelena etc) no trajeto de lindas paisagens. Entre uma visita e outra, aproveite para estacionar o carro e percorrer as cidades de Napa e Sonoma a pé e visitar lojas, aproveitar os restaurantes e dar uma parada nos cafés. Deixe-se levar pelas rotas no melhor estilo “Sideways”, visitando alguns dos melhores produtores norte-americanos e provando seus vinhos.

Cape Town

Paarl

A África do Sul é um destino de enoturismo que tem sido descoberto aos poucos. A Cidade do Cabo é a porta de entrada para quem quer conhecer os encantos dos vinhos (que não se limitam ao Pinotage, uva típica do país) das diversas regiões sul-africanas. Dali, por exemplo, é fácil seguir para Constantia, cujos vinhos são históricos e chegaram a ser os preferidos de Napoleão Bonaparte. No entanto, indo um pouco mais para o interior do país estão duas áreas em que o enoturismo está tremendamente desenvolvido: Stellenbosch e Paarl. Entre elas fica a cidade de Franschhoek, no vale de mesmo nome. É um local sofisticado, com restaurantes, cafés, galerias e lojas e um ótimo ponto de partida as duas regiões vizinhas, onde estão algumas das mais célebres vinícolas da África do Sul, como Nederburg, Ken Forrester, Ernie Els, Glen Carlou, Fairview etc. Todas em um cenário deslumbrante cercado pelas montanhas de Stellenbosch e de Helderberg. Aproveite para desfrutar dos excelentes bares e restaurantes das vinícolas.

Bordeaux

Cos d'Estournel

Meca do vinho, todo grande enófilo precisa conhecer a região pelo menos uma vez na vida. Lá estão a maioria dos “lugares sagrados”. No entanto, é impossível dizer que se conhece Bordeaux com apenas uma visita. Nem tente fazê-lo, pois seria o mesmo que querer engolir um boi inteiro no almoço. A cidade de Bordeaux é um bom ponto de partida. As margens do rio e o centro, que foi completamente revitalizado, são tipicamente um turismo histórico em uma vila linda e resgatada por uma gestão pública de alta qualidade – que se uniu aos empresários da região. Caminhe pelo parque que se estende à margem do rio, visite a praça do edifício da bolsa e aproveite os restaurantes e bares. Um único aspecto provinciano é que a cidade para cedo, com restaurantes e winebars fechando antes das 23 horas. Lá, você vai encontrar boas lojas de vinho. Mas, certamente a sua programação estará repleta de visitas a Châteaux nas mais diversas sub-regiões. 

Douro

Rio Douro

Certamente, o Douro está na lista de lugares a se conhecer de qualquer enófilo, seja pelos excepcionais vinhos em si, seja pelos lindos vinhedos em patamares – desde 2001 declarados Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Esses terraços construídos pelo homem em composição com o relevo e os contornos do rio Douro criam uma composição única, dentre as mais belas do mundo vinícola. Só quem já esteve lá consegue entender a dimensão e a beleza que torna impossível parar de admirar o lugar. A maneira mais rápida de se chegar ao Douro é pela cidade do Porto – existem voos diários saindo de São Paulo. A autoestrada é o modo mais rápido, embora não o mais bonito, para se chegar até a região mais emblemática do Douro, que está situada entre Régua (a 100 km do Porto) e Pinhão (a 124 km do Porto). O trajeto leva cerca de duas horas. Se tiver mais tempo, opte por rotas alternativas pelo interior, de lindas paisagens. Três dias de viagem são suficientes para conhecer e ser seduzido pelos encantos do Douro. Agora, se quiser uma experiência mais completa, reserve pelos menos cinco dias para desfrutar da gastronomia, dos vinhos e do savoir faire local, você não vai se arrepender.

Borgonha

Uma aura mítica recobre a Borgonha. Lá, cada milímetro de solo é venerado. Em menos de 100 metros é possível passar por diversos Crus em um terroir que foi mapeado pelos monges cistercienses ainda na Idade Média. Aliás, a história de muitos dos vinhedos icônicos remontam a épocas ainda mais longínquas da Antiguidade, quando os romanos começaram a se estabelecer na região – não à toa existem os vinhedos ditos Romanée (romanizados). Um bom ponto de partida para conhecer a região certamente é a belíssima cidade de Beaune, que fica em um ponto central da Côte d’Or, no miolo entre Côte de Nuits e Côte de Beaune. Se preferir, ainda pode partir de Dijon, no norte das denominações, e ir descendo até Lyon, por exemplo. Ou então fazer o caminho contrário, em um percurso bem longo. Carro ou bicicleta podem compor os seus passeios pelas charmosas estradas da região. Aproveite para se deliciar com as iguarias típicas de lá, como queijos (o famoso Époises), escargots e rãs, além de receitas tradicionais francesas que se originaram na região como bœuf bourguignon e coq au vin.

Grécia

Berço da civilização ocidental, a Grécia também está ligada aos primórdios do vinho. Atualmente, sua indústria vitivinícola renasce. Muito graças ao turismo, pois alguns dos locais mais badalados também são áreas de produção de vinho, como a paradisíaca ilha de Santorini, por exemplo – onde está o mais fotografado pôr do sol do mundo. Ela provavelmente é o grande destino para quem quer aproveitar tanto as belezas naturais gregas, como suas lindíssimas praias, quanto a cultura vitivinícola, com técnicas que remontam há milênios. Para chegar à ilha (repleta de ótimas opções de hospedagem), o melhor caminho é tomar um avião em Atenas. A capital grega, aliás, merece uma visita. Mas também é possível alcançar Santorini através dos cruzeiros marítimos. Diversos deles atracam por lá. Partindo de Santorini, você pode seguir para outras regiões e ilhas como Creta, por exemplo. Em pouco tempo você vai perceber o quão rica a é vitivinicultura e a gastronomia do Egeu, com destaque para os pratos à base de frutos do mar.

Vale dos Vinhedos

Spa do Vinho

A vocação turística do Vale dos Vinhedos – primeira Denominação de Origem Controlada reconhecida no Brasil – vem sendo trabalhada intensamente nos últimos, com grandes investimentos para receber os visitantes cada vez da melhor forma. Hoje, você pode se hospedar tanto em pousadas rústicas (mas com serviço de primeira linha), quanto em hotéis luxuosos. As opções de gastronomia, apesar de valorizarem os produtos locais e as tradições das famílias de imigrantes italianos, também estão cada vez mais amplas, com restaurantes requintados dividindo espaço com clássicos. As distâncias, no Vale, são relativamente curtas, portanto, é fácil se deslocar de uma vinícola à outra para as visitas. Em muitas delas, você será recebido calorosamente pelos proprietários, naquele sotaque típico cantado. Além dos vinhos, poderá provar outras tantas guloseimas locais – feitas artesanalmente. De lá, você ainda poderá visitar outras belas regiões vinícolas da Serra Gaúcha ao redor.

Loire

Mesmo quem não gosta de vinho rende-se aos encantos do Vale do Loire, na França. A região, que se estende da parte central do país até o litoral atlântico, é famosa pelos vinhos brancos secos e doces de denominações como Sancerre, Pouilly-Fumé e Muscadet, por exemplo, além do memorável Quarts de Chaume. No entanto, ela é ainda mais famosa por ser a rota dos castelos. Durante séculos, os reis franceses construíram diversas fortificações ao redor do rio Loire, que lhes serviram de estadias de verão ou mesmo de morada para alguns de seus favoritos ou então amantes. Um bom ponto de partida para conhecer vinhedos e castelos é a bela cidade de Tours, com ares medievais, às margens do Loire. Ela pode ser acessada de trem, que vem de Paris. As distâncias entre vinícolas e castelos são grandes, portanto, vale a pena alugar um carro ou optar por passeios programados por agências de turismo locais. Se tiver fôlego, talvez a melhor forma de conhecer a região seja de bicicleta.

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