Lista

Dez estilos de vinhos de sobremesa que todo enófilo deveria provar

Bebidas para quem aprecia sabor doce

por Redação

Vinho de sobremesa. Confessemos: não há quem não goste de uma tacinha após a refeição ou mesmo como aperitivo. No entanto, pode-se dizer que os vinhos ditos “de sobremesa” não costumam ser os mais valorizados pelos enófilos no dia a dia. Todos admitem gostar, mas a maioria reluta em comprar uma garrafa para seu próprio deleite.

O empecilho, para muitos, seria o grau de doçura ou então o grau alcoólico (mais elevado em alguns estilos como Vinho do Porto, por exemplo), que impediria alguém de desfrutar sozinho de uma garrafa inteira sem fatigar o paladar ou se alcoolizar além da conta. No entanto, os apaixonados por vinhos de sobremesa sabem que esse tipo de “desculpa” não cola, pois os grandes vinhos de sobremesa nunca são cansativos.

Neles, a doçura costuma estar lindamente equilibrada pela acidez e, mesmo quando há teor alcoólico mais elevado, ele também está balanceado, tornando a degustação sempre prazerosa. Quando se pensa em um bom vinho doce, não se deixe levar somente pela ideia de peso e intensidade (que sozinhas tornam qualquer bebida bastante monótona), mas da sutileza, da profundidade, de algo cuja descrição mais assertiva costuma ser etéreo.

ADEGA então decidiu fazer uma pequena lista com 10 estilos de vinhos de sobremesa que todo enófilo precisa experimentar. Confira.

Tokaji Aszú

“Derramas força e fervor nos ossos do meu corpo. Sinto nova vida como faísca em minhas veias. Sinto o néctar incandescente de suas uvas em meu peito. Ó requintado Tokaji, rei entre os vinhos!”, trecho do poema “Lob des Tokayers”, de Gabriele von Baumberg (1768-1839). Tokaj- -Hegyalja é uma região do nordeste da Hungria, cercada pelos Montes Cárpatos, às margens dos rios Tisza e Bodrog. Lá se produz um dos vinhos doces mais celebrados do planeta, tido como “rei dos vinhos”, como se nota pelo poema citado. Segundo a “lenda”, em 1650, o Império Otomano avançava em terras húngaras e o clérigo Máté Sepsi Laczkó, encarregado da vinicultura na região, determinou que a colheita fosse adiada. Com a demora, as uvas foram atacadas pelo fungo Botrytis cinerea, que causa uma podridão (dita podridão nobre) que desidrata a fruta, aumentando a concentração do açúcar natural. O sabor e qualidade do Aszú dependem principalmente do número de baldes (puttonyos) cheios de bagas secas (25 kg cada), que são adicionados a um barril (tipo Gönc com 136 litros) de vinho base seco.

AD 93 pontos

OREMUS TOKAJI ASZÙ 5 PUTTONYOS 2005

TEMPOS Vega Sicilia, Tokaj, Hungria (Mistral US$ 156). O emblema que aparece na garrafa é uma marca da coroa francesa dada em 1710 pelo rei Louis XIV, também conhecido como Rei Sol, ao seu vinho predileto. Muito elegante, mostra vibrante acidez, que equilibra toda sua força e doçura. Límpido e sofisticado. Álcool 12,5%. CB.

Icewine

Esse vinho feito de uvas congeladas só é produzido em regiões bastante frias e que apresentam características específicas propícias para o congelamento antes que as uvas apodreçam na videira. Assim, os açúcares da uva não congelam, somente a água, o que torna o mosto concentrado. Acredita-se que os romanos já teriam colhido uvas congeladas, mas não há relatos sobre o vinho. Os primeiros documentos falando sobre Icewine, ou melhor, Eiswein, são do início do século XIX na Alemanha. No entanto, há relatos de pouquíssimas safras de Icewine naquele século. Além dos alemães, os austríacos também costumam produzir o vinho do gelo, mas é no Canadá, cujo primeiro Icewine só foi feito em 1978, que a produção verdadeiramente se destaca, principalmente na região da província de Niágara. As uvas que mais se dão bem congeladas são Riesling e Vidal. Os Icewines naturais requerem uma temperatura severa. Por lei, no mínimo -8°C no Canadá, -7°C na Alemanha. Essas temperaturas precisam ocorrer algum tempo depois as uvas amadurecem, o que significa que as uvas podem ficar na videira durante vários meses após a colheita normal. Se o congelamento não for rápido o suficiente, as uvas podem apodrecer. Se for muito severo, nenhum mosto poderá ser extraído.

AD 96 pontos

NUBDORFER BISCHOFSKREUZ RIESLING EISWEIN 2012

Heinz Pfaffamann, Pfalz, Alemanha (Weinkeller R$ 989). Branco doce raro elaborado exclusivamente a partir de uvas Riesling congeladas. Do meticuloso processo, resulta um néctar que mostra um equilíbrio entre acidez (8,3 g/l) e doçura (212 g/l de açúcar) encontrado somente nos grandes vinhos doces. Complexo no nariz, apresenta aromas de maçãs e laranjas em compota seguidos de notas de erva cidreira e pêssego. Vibrante e denso, tem final longo e persistente, com notas cítricas, minerais e de mel. Álcool 8,5%. EM

Banyuls

Muitas vezes chamado de “o Porto francês”, o vinho fortificado da região de Banyuls-sur-Mer – uma comuna no sudoeste da França, perto dos Pireneus, na divisa com a Espanha – costuma passar despercebido por muitos enófilos. Mas, quem conhece afirma que não há harmonização melhor para chocolate (especialmente meio amargo), superando os Portos nesse quesito. O Banyuls é feito com base (no mínimo 50%) de Grenache, uma das uvas típicas do Roussillon. É um vinho feito na região desde o século XIII, graças a Arnaud de Villeneuve, conhecido por descobrir o processo de mutage, um método semelhante ao utilizado nos Vinhos do Porto onde a fermentação é interrompida pela adição de álcool ao mosto enquanto há presença de um teor elevado de açúcar. Assim, o vinho foi apelidado de vin doux naturel. Os vinhos costumam ainda ser armazenados em grandes barris de carvalho ou em garrafas chamadas bonbonnes, que expõem o vinho à luz do sol, permitindo que ele “madeirize” – uma técnica de aquecimento e oxidação do vinho.

AD 91 pontos

M. CHAPOUTIER BANYULS 2013 M. Chapoutier, Languedoc-Roussillon, França (Mistral US$ 59). Tinto fortificado doce composto de 90% Grenache e o restante de outras variedades autorizadas, com estágio parcial em barricas de carvalho entre 16 e 20 meses. Mostra aromas de frutas vermelhas e negras em compota acompanhados de notas florais, de frutos secos e de especiarias doces, que se confirmam na boca. Untuoso e encorpado, tem bom equilíbrio entre acidez e doçura, gostosa textura e final cheio e persistente, com toques de baunilha, de cacau e de coco. Álcool 17%. EM

Recioto della Valpolicella

Hoje o grande vinho de Valpolicella é o Amarone, mas, muito antes de os primeiros Amarones surgirem (no início do século XX), o grande vinho da região era o Recioto, dito pai do Amarone. O Recioto é feito com uvas passificadas. O processo de secagem, geralmente com as uvas colocadas em prateleiras de junco em um andaime especial que as sustenta, dura de 100 a 200 dias após a colheita. As uvas usadas para fazer Recioto vêm das variedades Corvina, Rondinella e Corvinone. Apenas os cachos mais esparsos (os “recie”, que no dialeto de Verona significa “orelhas”, ou seja, ficariam nas pontas das vinhas) e maduros são destinados à produção de Recioto. O mosto dessas uvas é fermentado apenas parcialmente para que mantenha um alto grau de açúcar residual – para o Amarone, a fermentação é continuada até que os açúcares sejam consumidos. O nome Recioto origina-se de “recie”, palavra cujo significado em latim é cacho. Uma versão, porém, diz que, na época do Império Romano, ele teria sido chamado de Retico e teria sido apreciado pelo imperador Augusto.

AD 93 pontos

TOMMASO BUSSOLA RECIOTO DELLA VALPOLICELLA CLASSICO 2005 Tommaso Bussola, Vêneto, Itália (Sem importador no Brasil). Tinto doce composto de Corvina, Corvinone, Rondinella, Molinara, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot e outras variedades que passam por um longo e cuidadoso processo natural de desidratação, com posterior amadurecimento em carvalho. Mostra aromas complexos de frutas vermelhas e negras em compota, bem como notas florais, minerais e de especiarias doces. Estruturado e untuoso, tem ótimo volume de boca, acidez marcante, taninos finos e final longo e cheio, com toques de frutos secos e de chocolate amargo. EM

Jerez Pedro Ximénez

São diversos os tipos de Jerez, que vão dos extremamente secos até os intensamente doces. Os PX, como muitas vezes são chamados, ficam no topo dos tipos doces. Os vinhos de Jerez costumam ter por base a uva Palomino, mas, a Pedro Ximénez também é usada. A teoria sobre o nome da variedade diz que um soldado espanhol chamado Pedro Ximen, ou então um cardeal católico chamado Ximenès, teria levado a uva da Alemanha (onde ela teria chegado depois de vir das Ilhas Canárias) para Málaga por volta do século XVII. No entanto, estudos mostram que ela provavelmente se originou na própria Península Ibérica. Para produzir o Jerez PX, depois de colhidas, as uvas são expostas ao sol para que ressequem. A concentração de açúcares no vinho é tão grande que o resultado é um líquido quase negro com textura de xarope. No entanto, a Pedro Ximénez produz outros vinhos PX que não são Jerez, mas têm estilo parecido, na região de Montilla-Moriles, onde está a maior parte de seu cultivo na Espanha.

AD 94 pontos

BODEGAS TRADICIÓN PEDRO XIMENEZ 20 YEARS OLD

Bodegas Tradición, Jerez, Espanha (Viníssimo R$ 647). Branco fortificado doce elaborado a partir de Pedro Ximénez, com envelhecimento certificado - V.O.S. no rótulo - de no mínimo 20 anos em barricas de 600 litros (botas). Já impressiona no visual e na textura, mais parecendo um xarope de tão concentrado. Os aromas são complexos e cativantes, indo desde o figo seco até notas especiadas, herbáceas e minerais. No palato, é quase oleoso, de tanto volume e concentração. Apesar da doçura extrema, é equilibrado, persistente e muito longo, com certo frescor e mineralidade. Álcool 15,5%. EM

Auslese

A classificação de vinhos da Alemanha não é muito simples de entender. Ela leva em conta fatores como “peso do mosto”, por exemplo. Mas quem não quer entrar em detalhes técnicos e apreciar um excelente vinho doce – feito com a variedade Riesling – pode optar pela classificação Auslese. O termo quer dizer “seleção”. Ele seria “superior” ao Spätlese (que significa “colheita tardia”). Ou seja, o Auslese é uma seleção de cachos específicos geralmente já atacados levemente pela podridão nobre. Essa classificação estaria “abaixo” de Beerenauslese (seleção de bagos) e Trockenbeerenauslese (seleção de bagos secos), cujas produções tendem a ser extremamente limitadas. Os Auslese, por sua vez, são um pouco mais comuns. Vale lembrar que a Áustria também tem classificação semelhante, com requerimentos similares, e excelentes Ausle-ses. Os melhores vinhos dessa classificação, tanto alemães quanto austríacos, costumam apresentar uma doçura delicada combinada com uma acidez cortante que o torna leve, quase etéreo. Ainda é possível encontrar Auslese versões secas, mas elas são cada vez menos comuns e tendem a ser acrescidas do termo trocken.

AD 93 pontos

HEYMANN LÖWENSTEIN WINNINGEN RÖTTGEN RIESLING AUSLESE 2005 Heymann Löwenstein, Mosel, Alemanha (Mistral US$ 93) Branco doce, de baixa produção, elaborado exclusivamente a partir de uvas Riesling advindas de vinhedos antigos, localizados em solo de puro xisto no Baixo Mosel. Apresenta aromas complexos de frutas cítricas, notas minerais, florais e toques de mel. No palato, é untuoso, frutado, de perfeito equilíbrio entre açúcar e acidez. Tem final muito longo e complexo. Álcool 8%. EM

Sauternes

Falar de Sauternes sem citar o Château d’Yquem é quase impossível. Sim, essa é a grande referência dessa região de Bordeaux, na França, e o sonho de consumo de milhares de enófilos. Mas lá não há apenas Yquem e sim uma grande diversidade de produtores que criam vinhos brancos doces inigualáveis. Eles são feitos com as variedades Sémillon, Muscadelle e Sauvignon Blanc, e o clima local favorece o surgimento do fungo Botrytis cinerea, ou seja, a podridão nobre – assim como ocorre em Tokaji – quando as uvas estão no fim do período de maturação. Apesar de frequente, há anos em que o fungo não se desenvolve e os produtores tendem a fazer vinhos brancos secos, mas com uma denominação de Bordeaux genérica. Mas, quando as condições são favoráveis, os vinhos de Sauternes são inesquecíveis, com seus reflexos dourados, sua doçura sutil, sua acidez saborosa, dando um equilíbrio ímpar. Não à toa, o principal vinho da região já tenha sido chamado de “luz engarrafada”.

AD 95 pontos

CHÂTEAU D’YQUEM 1995

Château d’Yquem, Bordeaux, França (Clarets - sob encomenda). Branco doce composto de uvas 80% Sauvignon Blanc e 20% Sémillon atingidas pela podridão nobre, com fermentação e estágio de 42 meses em barricas novas de carvalho francês. Impressiona pela exuberância e complexidade aromática. Mostra cítricos em compota acompanhados de notas florais, de marmelo, de especiarias doces e de cera de abelha, além de toques clássicos de botrytis. Boca rica, untuosa e cremosa, com ótimo equilíbrio entre acidez, doçura e fruta. Tem final longo, cheio e profundo, com toques minerais. Um adolescente começando a mostrar todas as suas virtudes. Álcool 12,5%. EM

Moscato d’Asti

Difícil não apreciar os delicados aromas, o leve dulçor e a acidez gostosa desse estilo de vinho frisante piemontês. Os vinhos Moscato d’Asti são feitos a partir de Moscato Bianco, cultivada em áreas em torno da cidade de Asti, bem como nas províncias vizinhas de Alessandria e Cuneo, na região de Piemonte, na Itália. As uvas são colhidas e o mosto é refrigerado em tanques de aço inox a temperaturas baixas, próximas do congelamento. Após um período, ele é fermentado em tanques fechados para armazenar o dióxido de carbono. A fermentação é interrompida por resfriamento até que se atinja o nível de doçura desejado. O vinho não passa por uma segunda fermentação e é mantido no tanque até o engarrafamento. Acredita-se que os primeiros Moscato d’Asti tenham sido produzidos por volta de 1870. Os produtores faziam esse estilo frisante para consumo próprio, pois, com baixo teor alcoólico, ele poderia ser bebido no almoço sem atrapalhar o restante da jornada de trabalho.

AD 90 pontos

PRUNOTTO MOSCATO D’ASTI 2016

Prunotto, Piemonte, Itália (Winebrands R$ 132). Branco doce elaborado exclusivamente a partir de Moscato Bianco di Canelli, sem passagem por madeira. De ótima tipicidade, mostra notas florais e de ervas frescas envolvendo os aromas de frutas cítricas e brancas maduras. Leve e refrescante, tem bom equilíbrio entre acidez e doçura e final cativante e agradável, com toques de limão e de mel. Álcool 5%. EM

Moscatel de Setúbal

Se o Douro é conhecido pelo Vinho do Porto, certamente o vinho português mais famoso do mundo, não podemos nos esquecer que em Portugal, há outro vinho de sobremesa com rica história: o Moscatel de Setúbal. Diz-se que sua fama remonta aos temos de Dom Dinis, rei de Portugal nos séculos XII e XIV. Posteriormente, Dom Manuel também teria sido um apreciador. Assim como o Porto, esse vinho teria sido apreciado na corte inglesa no século XIV, com encomendas do rei Ricardo II. Mais tarde, a corte francesa de Luís XIV, o “Rei Sol”, também desfrutaria do Moscatel de Setúbal. Os Moscatéis de Setúbal só podem sair ao mercado a partir de 2 anos de idade. Para a categoria Superior, o mínimo é cinco anos e, além disso, o vinho precisa ter qualidade aprovada por uma comissão de provadores. Há ainda as indicações 10 anos, 20 anos, 30 anos e “Mais de 40 anos”, com os vinhos que originaram o blend tendo, no mínimo, essa idade.

AD 95 pontos

DOMINGO SOARES FRANCO MOSCATEL ROXO 20 ANOS

José Maria da Fonseca, Península de Setúbal, Portugal (Decanter - Não disponível). Branco fortificado doce elaborado exclusivamente a partir de Moscatel Roxo. Vinho de meditação, que mostra perfeito equilíbrio entre acidez e doçura. Cítrico e intenso, tem ótimo volume e final longo, quase interminável, com toques de mel, tâmaras, iodo e frutos secos. Álcool 18%. EM

Vinho do Porto Tawny

Os Vinhos do Porto certamente são os vinhos de sobremesa mais conhecidos pelos enófilos brasileiros. Não há quem não tenha tido um avô ou tio que, após toda refeição, ia no fundo do armário e, de lá, resgatava uma garrafa de Porto, bebia um cálice e ia fazer uma sesta. Apesar de todos serem fortificados, não há apenas um estilo de Vinho do Porto, há os Ruby (nome dado devido à cor avermelhada) e os Tawny (de cor acastanhada). Estes últimos são feitos com blends de vinhos envelhecidos em cascos ou tonéis. Os aromas costumam exaltar frutos secos e o paladar, ser muito rico. Alguns são selecionados para um envelhecimento mais longo em pipas de madeira. Os mais celebrados são os Tawny com indicação de idade como 10 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos (números que indicam a média de idade de envelhecimento dos vinhos) e os Colheita (que são de uma única safra). A exposição gradual ao oxigênio concentra e intensifica os aromas e sabores, resultando em tons mais complexos, como mel, especiarias, avelãs e baunilha, por exemplo.

AD 94 pontos

TAYLOR’S 40 YEARS OLD TAWNY PORT

Taylor’s, Douro, Portugal (Qualimpor R$ 1.661). Mostra notas mais pronunciadas de frutos secos e de figos, apresentando toque medicinal e herbáceo muito agradáveis. Tem acidez vibrante, muito equilibrado, cheio de volume, chamando atenção pela textura, ganhado em concentração, precisão e elegância, com final complexo lembrando melado, frutas cítricas e amêndoas. Álcool 20%. EM

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