Não resta dúvida de que até agora nada substitui a garrafa de vidro para vinhos premium, mas há espaço para o vinho em lata
por André Mendes e Christian Burgos
Relatórios de análise de mercado da consultoria americana Grand ViewResearch estimam que o mercado de vinhos em lata tenha sido do valor de aproximadamente US$ 210 milhões em 2020 – e que esse mercado deve crescer numa taxa anual de aproximadamente 13% pelo menos até 2028.
Olhando por esse panorama, pode-se ver o quanto os vinhos em lata vem ganhando terreno apesar de ainda serem uma pequena fatia quando falamos do mercado global de vinhos (avaliado em mais de US$ 400 bilhões em 2020 pela mesma consultoria).
Um relatório de junho de 2021 da Wine Intelligence já apontava que “o vinho em lata continuava a crescer à frente de outros formatos, embora a partir de uma base muito pequena, em mercados globais importantes, como os Estados Unidos”.
O mesmo report afirmava que isso se devia às vantagens que o consumidor estava vendo no produto como, por exemplo, as latas serem menores e mais leves para carregar, mas também mais duráveis; elas serem tão recicláveis quanto o vidro e com designs de embalagens mais distintos, tornando-se perfeitas para uma bebida social ao ar livre.
Ainda segundo a Wine Intelligence, há vantagens também no comércio, pois as latas ocupam menos espaço nos armazéns e nas geladeiras, são mais leves para transportar e estão disponíveis em tamanhos alternativos.
Diante disso e observando o dilema da escassez de vidro no mercado, as empresas estão cada vez mais investindo em embalagens alternativas para vinhos mais básicos, e as latas de alumínio são parte disso, sobretudo visando um mercado de consumidores mais jovens ou adepto a vinhos de entrada.
Cabe ressaltar que já vimos o mesmo entusiasmo sobre os vinhos em bag in box e tetra pack – e que até o momento não decolaram no mercado brasileiro. Por isso, é importante fazer a ressalva de que não é porque algo deu certo em outros países que vai funcionar por aqui. Então, se antes as latas eram algo relativamente raro de ver por aqui, temos notado um grande aumento da oferta. Ultimamente, além de diversos projetos de startups em parceria com tradicionais produtores e/ou enólogos, grandes empresas vinícolas adicionaram latas ao portfólio.
Para muitos, a ideia do vinho em lata ainda é um tabu. Para outros, é apenas uma forma prática de desfrutar da bebida – especialmente vinhos mais leves e descompromissados. Então, diante das dezenas de rótulos disponíveis no mercado, já vale a pena garimpar. Por isso, ADEGA reuniu cerca de 60 rótulos em lata, nacionais e importados, para avaliar– nesta que acreditamos ser a mais ampla degustação de vinhos em lata já realizada em nosso país. Há vinhos enlatados brancos, rosados, tintos e espumantes, geralmente vendidos em packs de 4, 6 ou 12 unidades. Os preços unitários variam de R$ 9 a R$ 35, em embalagens de 125ml a 375ml (equivalente a meia garrafa). Dos 29 rótulos classificados, 19 são espumantes e 9 tranquilos.
Não resta dúvida de que até agora nada substitui a garrafa de vidro para vinhos premium, mas, levando em consideraçãoque mais de 70% dos vinhos são comprados para consumo em até 48 horas, do ponto de vista estritamente técnico, há espaço para embalagens mais simples em vinhos para consumo “imediato”.
Em nossa opinião, a principal virtude do vinho em lata é a possibilidade de levar o vinho a outras ocasiões de consumo, pois amamos a possibilidade de levar a lata para o barco, para a piscina, para um passeio na natureza ou para um show e evento esportivo. Se avaliarmos que o custo do alumínio é menor que o do vidro, esperamos que, com a escala, a lata ajude a baratear o vinho (o que ainda não acontece).
Mas o grande desafio da categoria é a qualidade média, como vocês podem ver quando descartamos mais de 50% dos vinhos degustados. A maior parte destes vinhos que não passaram no crivo não tinha qualidade aceitável para serem indicados a você. E dois dos vinhos que selecionamos em um primeiro momento demandaram um tira-teima com uma segunda lata –denunciando uma necessidade de atenção no envase.
Em termos de categorias, os espumantes foram os destaques, talvez pela proteção do gás carbônico. Por outro lado, percentualmente os rosés foram os que mais sofreram com a oxidação. Nos mantivemos fiéis a nossa conduta de não denegrir vinhos que não gostamos e apresentar aos leitores somente os rótulos que aprovamos baseados em sua qualidade.
A seguir você confere a lista dos três melhores vinhos em lata disponíveis no Brasil. Para a lista completa, clique aqui e aproveite para assinar ADEGA!
Este é um espumante elaborado pelo método Asti a partir de Moscato Branco. De boa tipicidade e bem feito em um estilo com maior sensação de dulçor, traz textura cremosa, acidez refrescante e final agradável com toques cítricos.
Elaborado pelo método Asti a partir de uvas Moscato, mostra notas florais e de ervas, além de sua fruta cítrica e branca. De ótima tipicidade, tem acidez vibrante, que equilibra sua doçura. Tem final agradável, com toques de tangerina.
Este é um espumante brut elaborado pelo método Charmat a partir da uva Glera, a casta do Prosecco. Cremoso e de ótima tipicidade, mostra fruta brancas, notas florais e ervas frescas, com sua acidez vibrante ditando as regras. Tem final cativante, com toques de maçãs e de limão siciliano.