Movimento atual foi criado pelo filósofo Rudolf Steiner, em junho de 1924
por Arnaldo Grizzo
Foi em uma modesta vila na região da Silésia, hoje pertencente à Polônia, mas que na época estava sob domínio alemão, que nasceu o que chamamos hoje de agricultura biodinâmica.
Em um ensolarado dia de verão, em 7 de junho de 1924, na cidade de Koberwitz, a convite do conde Carl Keyserlingk e a esposa Johanna, o controverso filósofo Rudolf Steiner começou uma série de oito palestras do “Curso de Agricultura” para uma plateia de 111 pessoas, que incluía agricultores, administradores de propriedades, médicos, padres, professores, artistas e engenheiros de seis países.
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Criador da Antroposofia, uma filosofia de vida que reúne os pensamentos científico, artístico e espiritual para responder às questões existenciais do homem moderno e sua relação com o universo, Steiner obviamente começou seu discurso ligando as ideias agrícolas a esta filosofia.
“O próprio curso nos mostrará quão intimamente os interesses da agricultura estão ligados, em todas as direções, às mais amplas esferas da vida. Na verdade, dificilmente existe um domínio da vida humana que esteja fora do nosso tema. De um aspecto ou de outro, todos os interesses da vida humana pertencem à agricultura. Aqui, escusado dizer, só podemos abordar o domínio central da própria agricultura, embora isto, por si só, nos leve por muitos caminhos secundários diferentes – necessariamente assim, pela mesma razão que o que é dito aqui crescerá a partir do solo da própria antroposofia.
Em particular, você deve me perdoar se minhas palavras introdutórias de hoje parecem – inevitavelmente – um pouco distantes. Talvez nem todos vejam imediatamente qual é a conexão entre esta introdução e nosso assunto especial. No entanto, teremos de desenvolver o que é dito hoje, por mais remoto que possa parecer à primeira vista. Porque a agricultura, especialmente, é tristemente atingida por toda a tendência da vida espiritual moderna. Veja, esta vida espiritual moderna assumiu uma forma muito destrutiva, especialmente no que diz respeito ao domínio econômico, embora a sua destrutividade ainda não seja adivinhada por muitos.”
Dessa forma, Steiner aponta que a relação da sociedade de sua época com a natureza, especialmente no contexto da agricultura, era equivocada. Segundo ele, estávamos em um movimento destrutivo. E, tão logo termina essa introdução, ele já inicia um prenúncio das bases sobre as quais surgirá o que chamaremos de agricultura biodinâmica.
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“Hoje, a título de introdução, indicarei o que há de mais importante para a agricultura na vida da Terra. Hoje em dia costumamos atribuir a maior importância aos constituintes físicos e químicos. Hoje, porém, não partiremos deles; partiremos de algo que está por trás dos constituintes físicos e químicos e que, no entanto, é de grande importância para a vida das plantas e dos animais. Estudando a vida do homem (e até certo ponto aplica-se também à vida animal), observamos um elevado grau de emancipação da vida humana e animal do universo exterior. Mas [...] há muitos outros fenômenos menos evidentes, tanto no organismo masculino como no feminino, que representam imitações de ritmos na natureza exterior. [...] Contudo esta emancipação no cosmos, que está quase completa para a vida humana; para a vida animal é menos; a vida vegetal, por outro lado, ainda está em alto grau imersa na vida geral da natureza, incluindo o mundo terrestre exterior. Portanto, nunca compreenderemos a vida vegetal, a menos que tenhamos em mente que tudo o que acontece na terra é apenas um reflexo do que está acontecendo no cosmos. Para o homem este fato só é mascarado porque ele se emancipou; ele apenas carrega os ritmos internos em si mesmo. Ao mundo vegetal, contudo, aplica-se no mais alto grau. É isso que gostaria de salientar nesta palestra introdutória.”
É dessa forma que Steiner resume um pouco suas ideias: a agricultura deve obedecer aos ritmos da natureza, ritmos esses que, segundo ele, também estão presentes na vida do homem, mas sem a mesma premência, já que, como dito, o homem está “emancipado”. As plantas, todavia, não têm como se desprender desses ciclos cósmicos, das influências da lua e dos planetas, que, mesmo distantes, exercem interferência sobre elas.
Durante os próximos sete dias, Steiner “professou” seu curso de agricultura, tratando dos mais diversos tópicos. Ele escreveu que: “As palestras devem ser consideradas antes de tudo como dicas, das quais por enquanto não devem ser faladas fora deste círculo, mas encaradas como a base para experimentos e, assim, gradualmente adaptadas para uma forma adequada à publicação.”
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As bases dessa nova agricultura citadas por Steiner falavam de uma abordagem holística, ecológica e ética. Segundo ele, cada fazenda ou jardim biodinâmico é um organismo vivo, integrado e completo e deve incluir tanto plantas quanto animais, que trabalham juntos para preencher papéis complementares. Fazendas biodinâmicas devem gerar sua própria fertilidade através da compostagem, integração de animais, cultivo de cobertura e rotação de culturas.
Elas produzem estoques de sementes e animais a partir da própria fazenda, incorporando seleção e reprodução às atividades agrícolas, quando possível, a fim de desenvolver plantas e animais únicos, adaptados localmente, com excelente nutrição e sabor, e resistência a pragas e doenças, observando os ritmos e ciclos da terra, sol, lua, estrelas e planetas, e buscando entender as formas sutis que o ambiente e o cosmos mais amplo influenciam o crescimento e desenvolvimento de plantas e animais.
É curioso notar que, em nenhuma das oito palestras, Steiner usou a palavra biodinâmica. Na verdade, foi um discípulo, Ehrenfried Pfeiffer, quem definitivamente “cunhou” a biodinâmica ao mundo no livro Bio-Dynamic Farming and Gardening, publicado em 1938. Após o curso, foi fundado o Círculo Experimental de Agricultores Antroposóficos, que serviu para testar e aprofundar as ideias de Steiner.
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Vale lembrar que, nessa época, o filósofo já se encontrava doente, tanto que morreria no ano seguinte em sua casa em Dornach, na Suíça, onde também se encontra o seu centro de estudos chamado Goetheanum (em homenagem ao escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe). Ali, diversas de suas teorias foram incubadas e testadas.
Entre elas, os famosos preparos biodinâmicos, sobre os quais ele comentou em suas palestras em Koberwitz. Os ditos compostos biodinâmicos são aprimorados e enriquecidos através do uso de seis preparações feitas a partir de mil-folhas, camomila, urtiga, casca de carvalho, dente-de-leão e valeriana. Cada uma dessas ervas medicinais é transformada através de um processo que a coloca em relação com o reino animal, a terra e o ciclo do ano.
Acredita-se que reunir esses elementos amplifica suas qualidades curativas, promove o crescimento de bactérias e fungos benéficos e cria substâncias concentradas para orientar o desenvolvimento do composto. As preparações biodinâmicas fortalecem a qualidade do composto, estabilizando nitrogênio e outros nutrientes.
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Segundo a biodinâmica, o estrume em chifre aumenta a vida do solo e a relação entre solo e plantas, sendo feito a partir de esterco de vaca enterrado dentro de um chifre durante os meses de inverno. Já a sílica em chifre aumenta a imunidade das plantas, fortalece a fotossíntese, aprimora o amadurecimento e é preparada a partir de cristais de quartzo moídos enterrados em um chifre ao longo dos meses de verão.
O chá de cavalinha ajuda a prevenir doenças fúngicas e equilibra o elemento aquoso em plantas e solo. Tudo isso, teoricamente, cria um relacionamento dinâmico do solo, água, ar, calor e cosmos para ajudar as plantas a se desenvolverem de forma saudável e equilibrada, tornando-as mais resilientes a pragas, doenças e condições climáticas extremas.
Durante as palestras, Steiner comentou algumas vezes sobre o que ele chamava de calendário camponês, ou seja, tabelas que os próprios lavradores antigos faziam observando a terra, o clima, a passagem do ano e o comportamento das plantas, para poder intervir na agricultura em momentos certos.
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Ele foi questionado sobre as influências lunares e cósmicas e afirmou: “Os princípios de um calendário antroposófico, tal como foi planejado, deveriam ser implementados de forma mais completa. Então você poderia seguir esse calendário com precisão.”
O calendário biodinâmico, contudo, foi sendo desenvolvido posteriormente. Quem deu as principais diretrizes para ele foi a alemã Maria Thun. Ela começou a estudar o calendário astrológico do Goetheanum e descobriu que, a cada dois ou três dias, a lua passava para uma constelação diferente do zodíaco.
Isso a levou a estudar se o ciclo das culturas poderia ser afetado pelo calendário astrológico. Em 1962, Maria Thun começou a produzir uma série de calendários anuais de semeadura e plantio e, mais tarde, estabeleceu os princípios de seus métodos em Jardinagem para a Vida: o Caminho Biodinâmico.
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Terminado o ciclo de palestras, Steiner retornou a Dornach, onde morreria no ano seguinte. Nas aulas, a abordagem de Steiner foi aplicar o pensamento antroposófico à agricultura. Mas elas não eram conselhos agrícolas práticos. Em vez disso, serviram como princípios, e coube aos membros do recém-formado Círculo Experimental de Agricultores Antroposóficos definir os detalhes de como deveria ser essa agricultura.
Como dito, o trabalho de Ehrenfried Pfeiffer serviu para espalhar o conceito de biodinâmica pelo mundo, especialmente depois que ele se mudou para os Estados Unidos em 1940. O trabalho de Pfeiffer chamou a atenção de Lord Northbourne, no Reino Unido, um proprietário de terras com grande interesse na agricultura.
Northbourne ficou preocupado com o impacto negativo da agricultura moderna no meio ambiente e, em julho de 1939, convidou Pfeiffer para participar de uma Escola de Verão e Conferência sobre Agricultura Biodinâmica em sua propriedade. Um ano depois, Northbourne publicou seu livro Look to the Land, introduzindo o termo agricultura “orgânica” ao mundo. Esse trabalho secularizou a agricultura biodinâmica, removendo alguns dos elementos mais “esotéricos”.
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No incipiente início, criou-se uma federação biodinâmica chamada Demeter, que até hoje certifica as fazendas que querem seguir os preceitos. Em 1931, ela contava com mil participantes cadastrados. Hoje são 7 mil em 36 países.
Diversas vinícolas seguem essa vertente de agricultura, sendo talvez a mais famosa de todas o Domaine de la Romanée-Conti, certificado por outro grupo chamado Biodyvin, do qual fazem parte outras vinícolas de renome, como Château Fonroque, La Lagune, Palmer, Clos de Tart, Comte Liger-Belair, entre outras.
Passados 100 anos das palestras de Steiner e do que se considera o nascimento da agricultura biodinâmica, ainda há muita discussão a respeito dessa abordagem. Durante os 19 anos de existência de ADEGA, conversamos com diversos produtores adeptos e outros tantos um pouco descrentes, principalmente no que tange algumas questões menos palpáveis.
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Jean Charles Cazes, que gere entre outras propriedades o Château Lynch-Bages, disse em entrevista: “Tem um aspecto que acho mais uma moda, ou uma religião, que é a biodinâmica. Para mim, isso é muito diferente de uma questão ambiental. Isso tem a ver com uma crença, porque não tem base científica. E, às vezes, isso é muito usado para efeitos de marketing.”
Esse é um ponto de vista parecido ao de Pablo Álvarez, da Vega-Sicilia: “Não somos biodinâmicos. Eu estudei e, para mim, o biodinamismo me parece mais uma religião do que uma ciência, embora existam coisas absolutamente aproveitáveis. Acho que, no final, você tem que encontrar o equilíbrio. Acredito que os extremos nunca foram bons.”
Quem rebate essa visão é Charles de Bournet, de Clos Apalta. Para ele, biodinâmica “é uma filosofia, não é uma técnica, e é uma filosofia que tem a ver com expressar o lugar e com uma compreensão que vai além da vinha, tem a ver com as pessoas, com a floresta que está à volta, com os animais que vivem, é um lugar integrado. A biodinâmica tem que ser algo que contribua e, se não contribuir, você não precisa acreditar. Então foi mais ou menos isso que começou a incomodar – o discurso inconsequente das pessoas que se tornaram aiatolás da ideia. Você tem que ter cuidado com discursos extremistas.”
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Um dos principais defensores da biodinâmica, Peter Sisseck, de Pingus, falou em uma entrevista: “A coisa toda é como um bom fazendeiro disse: ‘É tudo um mistério da m...’ [risos]. Realmente é, pois é tudo relacionado ao orgânico. Quando você tem um solo, que é apenas pedras, é imaterial, apenas... Não é nada. Você precisa torná-lo vivo com coisas orgânicas. Isso é muito importante e o resultado é absolutamente estonteante. Você provavelmente consegue alcançar isso sendo orgânico, não precisa ser biodinâmico. Mas biodinâmico é ser turbo-orgânico. É uma maneira mais rápida de chegar lá.”
Há ainda os que seguem alguns ou a maioria dos preceitos da biodinâmica, mas preferem não abraçar todo o conceito, seguindo uma linha que poderia ser chamada de orgânica ou biológica.
“Sou muito inspirado pela biodinâmica, mas não faço biodinâmico, não uso os preparados. Mas a primeira escola de agricultura biológica foi a biodinâmica. Um curso que fiz em 1978 perto de Milão me abriu a mente, mas não abracei a parte espiritual. Isso me ensinou muito sobre a biodiversidade, cultura sã. A biodinâmica é uma raiz da agricultura biológica, como outras tantas raízes. Gosto de aprender com todos os que trabalham o vinho de modo natural, mas tudo hoje é uma guerra de tribos... Estamos todos fazendo coisas bastante similares, mas com diferenças, e gosto de ter pontos em comum e aprender o que funciona melhor. Não somos naturais, somos biológicos, mas não biodinâmicos... Muitas coisas são próximas dos vinhos naturais, mas é uma definição um pouco vaga, e biológica tem uma certificação e um significado muito claro”, afirma Roberto Stucchi Prinetti, da Badia a Coltibuono.
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João Pedro Roquete, CEO da Esporão, revelou um panorama similar durante uma entrevista. “Os princípios da biodinâmica, assim como muitas das abordagens do Rudolf Steiner, interessam-me e me desafiam. A ideia de que a natureza é perfeita, dinâmica, e que, por isso, a intervenção do homem deve ser muito cuidada e ‘invisível’, agrada-me bastante. Contudo, a aplicação desses princípios requer também assumir riscos que não são controláveis e que podem ter um impacto na sobrevivência da empresa. Por exemplo, minha mulher e eu evitamos, e continuaremos a evitar, ao máximo, dar antibióticos ao nosso filho, Luís. Acreditamos que ele deve construir as suas próprias defesas e resistências à doença. Quando a doença chega, tentamos combatê-la de forma natural (com vitaminas, homeopatia etc.). Quando as soluções naturais não funcionam e é necessário antibióticos, não arriscamos a saúde dele. Nas vinhas do Esporão, o princípio é o mesmo e temos feito avanços muito positivos no sentido de trabalhar o mais perto da natureza possível”, garante.
Para Michel Chapoutier, enólogo expoente do Rhône e pioneiro da biodinâmica na região, seguir essa vertente e não apenas o orgânico é mais interessante. “Escolhi a cultura biodinâmica porque era ainda mais eficiente que a agricultura orgânica – por ter a atividade microbiológica mais dinâmica no solo. A diferença entre adubo orgânico e composto biodinâmico é que você tem 1 milhão de vezes mais bactérias no composto biodinâmico do que no orgânico”, atesta.
E alguns não concordam quando um produtor diz que segue apenas partes de uma filosofia. “São movimentos que vão além do vinho, são filosóficos, de uma maneira de ver a vida diferente e com a presunção de que, por ser biodinâmico, orgânico ou natural, é melhor. Isso não é verdade. Pode-se ter um grande vinho convencional que vai ser melhor que todos eles – com sulfitos, herbicida na vinha. Em busca do naturalmente perfeito, há muita gente que não respeita o todo, e daí saem os vinhos que se desvirtuam do conceito filosófico. Se quer ser biodinâmico, é biodinâmico. Toda sua filosofia de vida, sua família, tudo. Se você quer ser comercialmente biodinâmico ou orgânico sem respeitar essa filosofia, creio que não adianta, pois aí saem os vinhos defeituosos. Biodinâmico tem que ser filosoficamente inteiro. De mente e alma. Se você não acredita nisso, não adianta”, afirma o experiente enólogo chileno Pablo Morandé.
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Há também quem sustente que a biodinâmica se restringe a pequenas parcelas, sendo impossível ser aplicada em grandes escalas. “Meu ponto de vista é que a biodinâmica é uma brincadeira de pessoas ricas, que têm muitos Grand e Premier Crus e podem se dar ao luxo de ser biodinâmicos, porque têm vinhedos que não precisam de tratamentos especiais”, diz Erwan Faiveley, do Domaine Faiveley.
Ele afirma não acreditar na biodinâmica. “Não nego o impacto da lua sobre a terra, mas duvido que Júpiter tenha impacto sobre as plantas. E não apenas isso. Conversei com pessoas que praticam a biodinâmica e tentei entender a ciência subjacente a isso. Para mim, tudo tem mais ou menos um propósito. Quando você faz algo, é porque identificou um problema, ou talvez algo que você queira investigar e, por isso, vai naquela direção. Não vejo nada disso (na biodinâmica). Tenho a impressão de que a biodinâmica é só um modo de as pessoas brigarem com a ciência.”
No entanto, um exemplo de sucesso biodinâmico em larga escala está no Chile. “Emiliana tirou a biodinâmica da horta da sua casa, do seu pomar, e colocou em grande escala para realmente causar impacto. É uma prova de que o modelo funciona”, garante Noelia Orts, enóloga da vinícola que faz parte do grupo Concha y Toro.
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Apesar de ser uma grande defensora dessa cultura, ela aponta: “Primeiro digo que a biodinâmica não faz milagres. É uma coisa que aprendemos ao longo dos anos. Em Emiliana, estamos sempre estudando, trazemos consultores de várias partes do mundo. E uma das coisas que Vincent Mason, um conselheiro biodinâmico francês, disse-nos foi: ‘A biodinâmica não vai resolver seus problemas’. Primeiro, você tem que fazer uma boa agricultura, ou seja, escolher a variedade certa para o lugar, tem que usar o porta-enxerto adequado, ter uma boa estrutura de plantio, sistema de irrigação. Depois vamos para os orgânicos. O orgânico é não usar produtos químicos sintéticos, herbicidas, pesticidas, fertilizantes à base de sal. E aí a biodinâmica viria como um patamar mais alto.”
“O conceito de biodinâmica é gerar um organismo em seu campo, de modo que seu objetivo não seja apenas produzir uvas, mas sim entender o vinhedo como um ser vivo no qual todos os elementos estão relacionados. Devemos remover o esoterismo do calendário também. A agricultura é governada pelo sol e o sol é uma estrela. E sempre esquecemos disso. As estações do ano são regidas pela proximidade ou distância do sol e fazemos agricultura com base nisso. Acontece que vivemos em uma sociedade que está mudando, muito estruturada, em que as pessoas querem uma explicação para tudo. É como na arte, você não precisa entender tudo, às vezes, você tem que sentir”, resume Noelia Orts.
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