Vinho e Saúde

Pesquisa com bagaço da uva quer auxiliar a produção de alimentos mais saudáveis

Pesquisa chilena está estudando a utilidade do bagaço da uva na produção de alimentos com melhor valor nutricional

Bagaço de uvas poderá ser utilizado para produzir superalimentos
Bagaço de uvas poderá ser utilizado para produzir superalimentos

por Silvia Mascella

A preocupação com a alta incidência de doenças cardiovasculares, diabetes e sobrepeso chamou a atenção de duas pesquisadores chilenas, Carmen Soto e Lídia Fuentes, do Centro Regional de Estudios de Alimentos Saludables (CREAS) da Universidade Católica de Valparaíso, no Chile.

Elas iniciaram um estudo para conhecer a viabilidade de elaborar alimentos saudáveis a partir dos resíduos orgânicos da produção do vinho e da cerveja, que são ricos em antioxidantes e fibras naturais.

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As pesquisadoras destacam que o Chile é o maior produtor de vinhos da América do Sul e anualmente desperdiça toneladas de bagaço de uvas ou os encaminha apenas para a produção de comida para animais ou para melhorar o solo. "Esses ingredientes, tanto da uva quanto da cerveja, podem ser a chave para termos alimentos mais saudáveis, e nossa pesquisa quer determinar como transformá-los para serem utilizados na indústria alimentícia", explica Lidia Fuentes.

A projeto está pesquisando três compostos bioativos, o ácido ferúlico, os arabinoxilanos e o resveratrol, todos associados a benefícios fisiológicos com propriedades antiinflamatórias, antioxidantes e antidiabéticas.

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As pesquisas, que estão acontecendo no Campus de Curauma em Valparaíso, buscam desenvolver um processo que transforme o bagaço da uva num ingrediente de boa assimilação a nível intestinal, capaz de transportar os compostos bioativos para a corrente sanguínea, permitindo sua utilização na fabricação de superalimentos processados saudáveis, como bolachas, biscoitos, farinhas, etc.

Carmen Soto conta que nada deveria substituir o consumo de frutas e vegetais frescos, que são as melhores fontes de nutrientes, mas as pesquisas sobre alimentação de vários países indicam que esse consumo está abaixo do indicado pela Organização Mundial da Saúde, assim é necessário pensar em alternativas. "Queremos elaborar um alimento que seja saudável e atrativo. E junto disso fortalercemos a economia circular da região (pois recebemos a matéria-prima de empresas pequenas) e também valorizamos os resíduos orgânicos de forma integral reduzindo o impacto ambiental que eles geram", finaliza Carmen Soto.

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