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  • Pinot Fin ou Pinot Gros

    Por que os clones de Pinot Noir importam?

    Os clones – indivíduos geneticamente idênticos de uma planta-mãe – são selecionados desde os anos 1960, na França. Entenda o que são os clones e o que ele diferencia no seu Pinot Noir

    Cada clone de Pinot Noir, pode ser utilizada para um fim específico
    Cada clone de Pinot Noir, pode ser utilizada para um fim específico

    por André Logaldi

    A Pinot Noir é uma casta especial, cativante e capaz de aguçar a curiosidade de enófilos novatos ou experientes. Transparente, ela pode denunciar, através de seus vinhos, as limitações ligadas ao terroir ou à vinificação, quando a sua elegância e complexidade podem ser comprometidas. Complexa também é a sua estrutura genética, com potencial de gerar mutações raramente vistas em outras uvas viníferas.

    Não por acaso, no final do século XIX, uma revista de enologia da época já publicava um trabalho intitulado “Notas de ampelografia pinófila” (Adrien Berget).

    LEIA TAMBÉM: O que é e quais as diferenças entre seleção clonal e massal?

    Sua ancestralidade a coloca por trás do nascimento de diversas outras variedades conhecidas, tais como a Pinot Blanc, a Pinot Gris e a Aligoté. Suas inúmeras variações levaram ao reconhecimento de centenas de clones, dos quais 47 catalogados e universalmente aceitos.

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    Os clones foram selecionados inicialmente a partir da escolha de videiras saudáveis e com produtividade adequada

    Os clones – indivíduos geneticamente idênticos de uma planta-mãe – foram selecionados inicialmente a partir da escolha de videiras saudáveis, sem doenças virais e com produtividade adequada, desde os anos 1960, na França.

    LEIA TAMBÉM: Vinho do Porto: qual é a diferença entre Ruby e Tawny?

    Após 1980, outras características foram buscadas, não somente os chamados dados agronômicos (fertilidade, peso, vigor), mas também dados tecnológicos, como riqueza em açúcar, estrutura tânica e potencial de cor.

    As famílias

    Como de início, a escolha das melhores plantas se baseava em critérios de campo e os clones foram classificados em quatro subtipos: pinots fins (finas), moyens (médias), gros ou productifs (produtivas) e droits (retas, referentes ao porte da canópia).

    Conheça as características de cada:

    • Pinot Fin: termo de uso corrente entre os viticultores da Borgonha, ele designa plantas que dão rendimentos baixos, menos de 40 hl/ha, comparável aos Grands Crus, em geral de nível qualitativo geral elevado, proporcionando vinhos de alta qualidade.
    • Pinot Moyen: são plantas de médio vigor, cachos com peso de 40 a 100 gramas, potencial de produção entre 40 e 70 hl/ha que elaboram vinhos de muito boa qualidade.
    • Pinot Gros: fertilidade mais elevada, rendimentos superiores a 70 hl/ha, peso dos cachos de até 150 gramas, que geram vinhos com baixa concentração de cor, sendo mais convenientes à produção de espumantes (Champagne ou Crémants).
    • Pinot Droit: literalmente “Pinot Reto”, diz respeito ao porte da planta, contrário ao perfil “tombante” das outras variedades. Seu vigor se assemelha ao tipo “moyen”, porém não alcança um nível de maturação satisfatório em muitos casos.

    A evolução dos clones

    Conforme mencionado, a seleção clonal buscava a reprodução de videiras únicas com uma mesma carga genética, ao contrário da seleção massal, que selecionava uma variedade de indivíduos, também com características favoráveis, todavia não idênticos. Assim, a primeira seleção clonal da Pinot Noir nasceu em Colmar (Alsácia), em um laboratório do INRA (instituto de pesquisas agronômicas francês), com plantas vindas de uma parcela de Morey-St-Denis, do Domaine Ponsot, baseada unicamente em critérios sanitários.

    LEIA TAMBÉM: A uva Carignan e seus mundos

    A partir de 1971, os clones foram sendo selecionados, catalogados e passaram a receber os famosos números que hoje conhecemos. Os primeiros foram os de 111 a 115. A cada um ou dois anos, novos clones eram incorporados e, nos anos de 1980-81, nasceram os clones conhecidos como Dijon, tais como os de números 666, 667 e 777.

    A produção mais intensa se deu até 1989 e, após esse ano, somente em 2012 e 2013 surgiram novos indivíduos certificados. É de se notar que, além do perfil sanitário inicial, as características tecnológicas foram evoluindo de um modo bastante homogêneo, levando à produção de vinhos mais tânicos nos anos 1970, mais aromáticos nos 1980-90 e finalmente mais estruturados e complexos nos anos 2000 (clones 1184, 1185, 1196 e 1197).

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    Pinot Noir é uma das uvas que mais provocam emoções nos enófilos

    Dentre os mais renomados, diz-se que 114 e 115 são mais apreciados pelos aromas e estrutura. O número 667 é reconhecido pela elegância aromática e tânica, enquanto o 777 daria uma combinação de finesse e potência. Já o 828 teria como ponto chave o equilíbrio, enquanto a concentração e os aromas às vezes menos típicos marcam o 943.

    Vale apontar que essa classificação em números não é universal. A Universidade da Califórnia, sempre ativa nos trabalhos de pesquisa, também cataloga os clones, porém alguns dos materiais franceses recebem números e nomes diferentes.

    Agora que conhecemos as duas classificações, por famílias e por números, a informação derradeira: um mesmo clone pode ter atributos tanto agronômicos quanto tecnológicos considerados superiores, médios ou inferiores. Ou seja, um clone, como o famoso 777, pode ser mediano do ponto de vista agronômico e superior em dados tecnológicos. Seria classificado como “médio a fino” (dessa forma eles podem estar inseridos em mais de uma família).

    Em geral, os clones considerados finos são: 114, 115, 777, 828, 1184, 1185 e 1196. Os médios: 111, 113, 114, 115, 583, 667, 1197. Os produtivos (mais usados em Champagne): 292, 386, 521, 666, 743, 779, 792, 872. E os de perfil Pinot Droit normalmente não preenchem requisitos para vinhos finos.

    Pinot Fin?

    Alguns poucos vinhos da Borgonha ostentam a menção “Pinot Fin” no rótulo. O que isso quer dizer? Isso não aparece senão nos vinhos ditos “regionais”, os populares “Bourgogne Rouge” e não nos vinhos comunais ou nos Crus. Trata-se, portanto, de uma indicação de que o produtor deseja informar ao seu consumidor que, apesar de se estar adquirindo uma garrafa do vinho pertencente à denominação mais simples da região, ele tem o cuidado de selecionar os melhores clones em seus vinhedos.

    Por seu apelo e originalidade, a Pinot Noir se difundiu pelo planeta, sendo que dos cinco maiores vinhedos plantados, três são do Novo Mundo. Em muitos casos, não se faz vinhos com um clone específico, mesmo os mais atuais. O que mais se vê são “blends de clones”, em particular nos Estados Unidos. Vale a pena conferir os mais usados em alguns países com produção importante de Pinot.

    • ESTADOS UNIDOS: o segundo maior produtor mundial, trabalha muito com pesquisas de clones e os chamados “suitcase clones”, que são de videiras francesas e conhecidos não oficialmente com nomes como: Dijon, Pommard, Roederer etc. A Universidade da California Davis propôs sua própria numeração que pode ou não corresponder a um clone francês. Alguns correlatos são 115 (UCD46), 777 (UCD71) e 828 (UCD72). O Domaine Drouhin, que se instalou no Oregon utiliza clones de Bourgogne (115 e 777) e outros desenvolvidos pela UCD (2A e 5). No Vale Willamette clones como Pommard e Wädenswil e 115, 667 e 777 estão entre os mais plantados.
    • NOVA ZELÂNDIA: também entre os cinco grandes produtores a Pinot Noir, a Nova Zelândia vivencia um culto à casta, que se expressa bem em seu terroir. Há quem considere que, em termos humanos, essa devoção faz com que a própria Borgonha, o Oregon e a Nova Zelândia constituam um “Triângulo mágico da Pinot”. Terrenos como os de Martinborough e Central Otago são considerados como excepcionais produtores de Pinot Noir. Os principais clones são UCD5, 6, 13 e 22 e os Bourgogne 113 a 115, 667 e 777.
    • CHILE: entre os dez maiores do mundo, o Chile tira proveito de sua diversidade de microclimas e influência do Pacífico, observados em vales específicos, para desenvolver sua vinicultura. A capacidade de adaptação da casta ao terroir chileno é constantemente confirmada por especialistas de todo o mundo. Reforçando a busca de identidade, o Chile, ao contrário de outros sul-americanos, recorreu a uma variedade de clones, entre eles os borgonheses 114, 115 (muito reputados localmente) e também os 667, 777 e 828, além de clones vindos da África do Sul. Vale lembrar que na edição 2020 do Guia Descorchados, de Patricio Tapia, pela primeira vez um Pinot Noir foi considerado vinho do ano (Talinay Pai 2018). Segundo Tapia escreve em seu guia, isso só ocorreu graças obviamente ao maior conhecimento dos enólogos sobre a vinificação da casta, mas também ao tipo de clone usado. Desde o ano 2000, uma terceira onda de clones de seleções massais feitas na Borgonha vêm chegando ao Chile. Elas vêm de Grevey-Chambertin e Vosne-Romanée. A seleção de Gevrey se chama GA02 e a de Vosne GA04.

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