Antes de 1981, o calor e a seca eram fundamentais para a colheita de uva antecipada
por Arnaldo Grizzo
A temperatura durante a etapa crescimento é o fator mais importante para o amadurecimento das uvas, e isso determina a data de colheita. Segundo os cientistas, antes de 1981, além do calor, também era preciso um período de seca para que a colheita fosse antecipada. Por quê? Em um verão chuvoso, os solos estão molhados e a energia absorvida na superfície é usada principalmente para evaporar a água.
O processo de evaporação absorve o calor da superfície e mantém os solos e o ar perto do chão relativamente frios. Por outro lado, durante uma seca, os solos estão secos e o calor reduz a umidade na superfície. O excesso de calor vai para o aquecimento dos solos e do ar. Verões secos, portanto, significam verões quentes, tornando muito mais fácil alcançar os limiares críticos de calor necessários para um início de maturação e, dessa forma, da colheita.
São essas condições que historicamente produziram vinhos de melhor qualidade. “Desde 1980, no entanto, as mudanças climáticas tornaram as últimas décadas significativamente mais quentes em muitas regiões do mundo, incluindo a Europa ocidental.
Esse calor e aquecimento extras agora significam que os verões na França e na Europa ocidental podem ficar quentes o suficiente para causar uma colheita antecipada, mesmo sem condições de seca”, aponta Cook. Ele acrescenta que essa mudança pode ser crucial para a viticultura. “As primeiras colheitas nas últimas décadas não mais significam ‘quente e seco’; elas também podem significar ‘quente e úmido’. O momento da colheita foi, efetivamente, desconectado da umidade, graças ao aquecimento global”, atesta.
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