Descobrir novos rótulos e degustá-los em companhia de enólogos, produtores e apreciadores, foram alguns dos prazeres proporcionados pelo lançamento da nova edição do Guia
por Silvia Mascella Rosa
Todos nós bebemos mais vinho durante a pandemia, estudamos mais sobre o assunto em sites, na revista ADEGA, livros, lives e podcasts. Mas poucas coisas são tão agradáveis como voltar a um evento ao vivo!
O lançamento do Guia Descorchados em São Paulo, na última terça-feira, reuniu críticos, jornalistas, sommeliers, distribuidores, importadores e apreciadores numa degustação como há muito não se via (o evento seguiu para o Rio de Janeiro, na quinta-feira 17 de março). Nos rostos, a alegria do reencontro, nas taças, o prazer da diversidade, no GUIA DESCORCHADOS 2022, um mundo a descobrir!
Conversamos com enólogos e representantes de diversas vinícolas do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai e havia uma unanimidade na fala deles: como é bom estar de volta "compartindo" (significa 'compartilhando' em espanhol) taças e informações.
O trabalho do jornalista e degustador Patrício Tapia, que degustou mais de 4 mil vinhos para essa edição, foi apresentado em várias Masterclasses e quase 90 vinícolas trouxeram centenas de rótulos para a degustação que ocorreu em dois horários para que não houvesse excesso de pessoas.
"Parecia que estávamos vindo para o nosso primeiro evento, tal a ansiedade que sentimos desta vez", contou Jones Valduga, Superintendente da Famiglia Valduga & Co, enquanto apresentava o espumante brut de uvas Gewurztraminer, um dos tantos premiados da empresa pelo Guia. Valentina Peirano, enóloga uruguaia, também apresentava um espumante citado no Guia, o Paa! (feito com uvas Pinot Noir e Pinot Blac - de Caneloles), quando afirmou que o Descorchados é cada dia mais importante: "O consumidor pede essa referência, ela é muito forte. Não somos apenas nós, que fazemos o vinho, que estamos dizendo que ele é bom. É uma validação externa".
A presença de muitos enólogos mesmo em tempos de vindima (no Chile e na Argentina elas recém começaram) reforça a importância do evento. Susana Balbo circulou pelo encontro atendendo clientes e falando de seus premiados. O rosé feito por ela está na terceira edição seguida como melhor rosé e neste ano um lançamento também levou um prêmio de revelação, o Torrontês laranja. Susana, conhecida pelo tratamento diferenciado que passou a dar à essa variedade, que era deixada de lado por muitos, contou: "Não é uma uva fácil de vinificar, tem pele grossa, e muitas produtores utilizavam para vinhos baratos, desinteressantes. Eu resolvi trabalhar sério com essa uva e os resultados vieram. Já nesse Torrontês feito ao estilo dos vinhos laranja, o trabalho é ainda mais intenso, pois nos dedicamos a buscar potência e o vinho nos surpreendeu", contou.
Para os exportadores, o Brasil é um país estratégico e com enorme potencial de consumo, assim nada mais natural que muitas empresas tenham enviado seus gerentes de exportação e também pessoas chave em negociação buscando, com o aval do Guia Descorchados, conquistar ainda mais espaço para seus rótulos.
Andrés Kemeny estava representando (junto do enólogo da empresa) a Família Deicas, do Estabelecimento Juanicó do Uruguai e ressaltou o profissionalismo das degustações do guia e a importância dela para o mercado sul-americano e também dos EUA: "Estamos em mais de 25 países com nossos vinhos e utilizamos a publicação como referência e confirmação da qualidade de nossos produtos. Eu viajo com o guia na mala", contou ele ao apresentar o "Suelo Invertido - Single Vineyard", vinho premiado no ano passado e novamente neste.
Mesmo vinícolas de nomes e história consagradas no Brasil e no mundo não deixaram de trazer seus vinhos e aproveitar os prêmios recebidos. Carlos Martignano, Gerente de Contas da Família Torres no Brasil estava muito feliz com as diversas e importantes menções do Guia aos produtos do braço chileno da empresa. "Estamos passando por uma grande reformulação interna na Torres. Ela se estende da administração até as linhas de vinhos, então essas pontuações nos auxiliam e são essenciais para nossos clientes e também como referências internas para as equipes de enologia", explicou Carlos. Ele também ressaltou que para uma empresa que tem produtos em quase 200 países, que está trabalhando em vários terroirs para obter certificações orgânicas, o reconhecimento do guia é um divisor de águas, cujas referências são utilizadas pelos vendedores da empresa em todo o mundo.
Carlos apresentou um dos vinhos premiados, o Tenaz, da uva Cinsault, de uma linha orgânica que faz homenagem aos homens e mulheres tenazes, que seguiram cultivando a terra, plantando uvas que muitos não achavam rentáveis e que nunca se renderam aos maus momentos. Depois de dois anos de Pandemia, o Tenaz talvez seja um vinho (entre tantas surpresas que o guia 2022 nos trouxe) que representa um pouco de todos nós!
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