Ele é fruto da melhor safra da década e de detalhes que o enólogo Michel Friou nos conta aqui
por Christian Burgos
Almaviva, um dos vinhos mais icônicos da América do Sul
Dizem a crítica e os enólogos: 2018 é a melhor safra melhor da década, nas terras do icônico chileno Almaviva. Michel Friou, o enólogo da vinícola, diz que o ano foi muito bom, em geral, em todo o Chile. Os vinhedos novos, inclusive, tiveram resultados de boa qualidade – e isso diz muito sobre a superioridade dessa safra.
“Em março, houve um pico de calor, mas depois a temperatura começou a cair e isso foi bom para termos tempo de colher a Cabernet Sauvignon dos vinhedos mais antigos, que são os mais importantes para o Almaviva. Depois colhemos a Carménère, que também teve boa qualidade e quantidade.”
Friou diz, no entanto, que nesse 2018 há menos protagonismo da Carménère, quando comparado ao 2017. “Em anos secos são feitos menos desfolhes para proteger mais os cachos, daí se sente mais a pirasina. Aprendemos a lidar com isso e atualmente a definição da Carménère no corte de Almaviva vai até onde queremos que ela seja percebida no vinho.”
Ainda sobre o manejo dos vinhedos, ele relata que teve que começar a irrigar no inverno para compensar as chuvas que não chegavam. E isso é uma mudança e tanto se comparado com os últimos anos. “Também precisamos tratar setores distintos do vinhedo com quantidades distintas de irrigação.”
Para ele, o peso da decisão humana cresceu à medida que é necessário agregar mais água proporcionalmente ao total recebido pelas chuvas.
Nesse sentido, cada vinícola ou enólogo pensa e faz de um modo diferente. Estão num mesmo lugar, com o mesmo clima, mas com manejos de água distintos.
Friou também traça interessantes comparações entre as últimas quatro safras. Para ele, 2018 tem mais qualidade de taninos, com menos potência que 2017, porém é mais elegante e refinado, mas sem perder energia.
Já 2016 tem mais frescor e tensão, com menos densidade, lembrando mais um Bordeaux. Por outro lado, 2015 também tem elegância e frescor, porém com mais densidade que o 2018.
E confessa: “perguntam muito qual a melhor safra de Almaviva e sempre respondo brincando que é a última, porque é a última que devemos vender. Mas, dessa vez, acho que estou dizendo isso porque é o que realmente penso. Para mim, 2018 tem um equilíbrio superior.”.
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