Além do fogo em si, a fumaça dos incêndios florestais é um grande inimigo do vinho, porém esse problema pode estar para ser resolvido
por André De Fraia
Em um mundo das mudanças climáticas, os incêndios florestais mais constantes e geograficamente mais espalhados são uma forte ameaça à natureza e claro, aos vinhedos. Porém, para as uvas, além do fogo em si, há um inimigo que viaja mais rápido que as labaredas e pode atingir uma área muito maior, a fumaça.
É pensando nisso que pesquisadores das universidades UC Davis, Oregon State University e Washington State University, todas dos Estados Unidos, estão desenvolvendo tecnologia que pode salvar as uvas dos efeitos nocivos da fumaça das queimadas.
“Em poucas palavras, o que este primeiro artigo quer dizer é que identificamos essa classe de compostos e achamos que sabemos como eles chegam lá”, diz o professor Tom Collins da Washington State University.
O próximo passo da equipe é descobrir como remover as substâncias que causam os sabores defumados, fruto da fumaça que atacou os vinhedos, da uva e, consequentemente, dos vinhos. Ou ainda mais, será possível impedir que esses compostos entrem nas uvas?
Por hora, o que a pesquisa já consegue responder é qual área do vinhedo foi mais afetado pela fumaça, levando assim importantes informações para que o enólogo consiga um blend de uvas para mitigar o defumado.
O projeto já instalou quase 100 sensores em vinhedos dos três estados com maior vitivinicultura e mais propício aos incêndios, Califórnia, Oregon e Washington.
Os pesquisadores esperam que nas próximas safras, com mais dados coletados, será possível passar informações às vinícolas para ajudá-las na tomada de decisões sobre seus vinhos e vinhedos.
Enquanto isso em Napa, o Conselho de Florestas e Incêndios aprovou um novo regulamento que está deixando os viticultores preocupados.
Os novos regulamentos dizem respeito à largura das estradas que devem garantir que um caminhão de bombeiros possa passar por elas e ainda ter espaço suficiente para que esse caminhão de bombeiros passe com segurança pelos carros que fogem da área, mas essa medida pode impedir vinhedos e construções em pistas rurais de via única que são muito estreitas para suportar a passagem do caminhão de bombeiro mais carros em fuga.
Apesar da regra não afetar construções e plantações que já estão estabelecidos, os produtores dizem que em uma eventual perda por incêndio, eles seriam proibidos de replantar os vinhedos ou mesmo de reconstruir suas vinícolas.
Em nota o Conselho de Florestas e Incêndios junto com o condado de Napa estão revisando as normativas e buscarão adaptar ao atual cenário das vinícolas na região.