ADEGA celebra 17 anos, mais de 200 edições de revista e estamos com 14 mil rótulos diferentes degustados
por Arnaldo Grizzo e Eduardo Milan
Já são 17 anos desde a primeira edição de ADEGA em 2005.
Quando surgiu, a revista veio em uma circunstância em que a indústria do vinho no Brasil vivia um momento de certa pungência, com mercado bastante ativo, consumidores buscando cada vez mais informação para adquirir suas garrafas e aumentar seus conhecimentos.
Mas o que parecia ser um momento de auge, atualmente, depois especialmente do enorme crescimento de consumo apresentado durante a pandemia, parece incipiente olhando de maneira retrospectiva.
Hoje olhamos para o mercado com os mesmos olhos de 2005, sempre ansiosos pelos “próximos capítulos”. E se o panorama atual se revela tão promissor, sabemos que tivemos um papel importante na pavimentação desse caminho.
Em 17 anos, já são mais de 200 edições de revista e, em nossos registros de vinhos avaliados, estamos com 14 mil rótulos diferentes (que podem ser acessados clicando aqui).
São anos e anos trazendo informação de qualidade sobre esse universo fenomenal, com entrevistas exclusivas com algumas das maiores celebridades da enologia, reportagens especiais sobre os mais diversos assuntos, notícias e provas de vinhos em primeira mão etc.
Além disso, ADEGA se transformou em muito mais que uma revista nesses 17 anos.
Fomos pioneiros no desenvolvimento de um guia de vinhos do Brasil e atualmente também produzimos guias com rótulos de Portugal e da Espanha, isso sem falar na parceria de mais de uma década com o Descorchados, de Patricio Tapia.
Desenvolvemos também nosso clube de vinhos e e-commerce e, mais recentemente, um cartão de crédito com benefícios para enófilos. Produzimos diversos eventos e somos parceiros da maior feira de vinhos do mundo em sua exposição no Brasil, a ProWine. Essas são algumas de nossas vertentes.
Então, para celebrar esses 17 anos, voltamos no tempo e decidimos fazer uma lista com vinhos da safra 2005, considerada uma das mais emblemáticas em diversas regiões do planeta. São vinhos que provamos em nossas milhares de degustações e mostraram o potencial dos “nascidos” nessa safra grandiosa. São 17 rótulos que nos marcaram e com os quais gostaríamos de comemorar essa data tão importante.
A safra 2005 do ícone chileno, resultado da joint-venture entre Concha y Toro e o Château Mouton-Rothschild, foi marcante tanto em sua juventude quanto mais recentemente em verticais das quais ADEGA participou, quase todas elas na companhia do enólogo responsável, o genial Michel Friou. A cada safra que passa, Almaviva comprova sua grandiosidade.
O Castillo Ygay Gran Reserva Especial está entre os maiores vinhos da Espanha, elaborado apenas em safras consideradas de extrema excelência pelo produtor Marqués de Murrieta. ADEGA teve a oportunidade de provar algumas safras desse ícone (a 2010, por exemplo, levou o título de melhor tinto do Guia ADEGA Espanha 2021) e, entre as mais marcantes estava também a de 2005. Um clássico eterno.
Nos anos 1990, Pierre Lurton, diretor do Château Cheval Blanc, vislumbrou a possibilidade de criar um novo ícone na América do Sul. Como a LVMH (dona de Cheval Blanc) já tinha o projeto Terrazas de los Andes na Argentina, sua ideia foi rememorar os antigos blends bordaleses (que continham Malbec). Assim nasceu Cheval des Andes. Dentre as safras do começo do milênio, a 2005 foi um dos destaques.
Se o Priorato hoje é uma região extremamente respeitada na Espanha, muito disso deve-se a René Barbier e seu Clos Mogador, um clássico desde o nascimento no final dos anos 1980. ADEGA teve a oportunidade de visitar e conversar com René por diversas vezes, assim como provar algumas safras desse rótulo emblemático. Em uma vertical, a 2005 mostrou-se encantadora.
Beaucastel representa a essência de Châteauneuf-du-Pape. A família Perrin elabora alguns dos mais fantásticos vinhos da região e ADEGA já provou – muitas vezes na companhia de François Perrin, um habitué por terras brasileiras – todos os seus rótulos de diversas safras. Em uma vertical de seu Chateauneuf-du-Pape tinto realizada em 2015, a safra 2005 foi brilhante.
O Château Doisy-Daëne é de propriedade do mítico Denis Dubourdieu, falecido em 2016. Considerado um dos maiores nome dos vinhos brancos de Bordeaux da história, ele também era um mestre em Sauternes, o reino da podridão nobre. ADEGA teve a oportunidade de provar a safra 2005 de Doisy-Daëne, que comprovou a excelência do trabalho de Dubourdieu e deve se manter no auge por décadas ainda.
O nome de Jean-Luc Thunevin certamente ficará marcado na história de Bordeaux. Ele foi um dos responsáveis por chamar a atenção para movimento garagista e, entre suas obras-primas, está o Château Valandrau. Entre as safras provadas por ADEGA, a 2005 certamente foi a que mais se sobressaiu e não seria por menos já que o ano foi considerado um dos melhores da história na região.
Se a safra 2005 foi excelente em Bordeaux, na Borgonha também podemos encontrar vinhos de enorme qualidade. Uma prova é o Clos de La Roche do Domaine Dujac. Vindo de um mítico vinhedo Grand Cru e provado quase 15 anos depois da safra, ele revelou o quão especiais são os Borgonhas envelhecidos.
Aqui está a prova de que não são apenas os Borgonhas tintos envelhecidos que podem emocionar, mas também os brancos. Os Valette já têm por tradição manter seus vinhos por anos em barricas antigas e seus vinhos provam que “duram” ainda muito mais. Este 2005, degustado quase 15 anos após a safra, mereceu todos os elogios.
Assim como Almaviva, ADEGA já provou inúmeras safras do clássico ícone da Concha y Toro, algumas por várias vezes e de maneira comparativa em verticais, o que é sempre um excelente exercício. Don Melchor, nas mãos do competente Enrique Tirado, sempre vale a pena e sua safra 2005 foi uma das mais relevantes do começo do milênio.
Este vinho é fruto das mãos habilidosas de René Barbier, que junto com Christopher Canaan e mais quatro amigos decidiram adquirir um pequeno vinhedo de Garnacha de mais de 120 anos na região de Montsant. Definitivamente um espetáculo com enorme longevidade.
A safra 2005 foi ótima em Champagne e provou sua excelência em uma vertical de grandes Vintages da lendária cuvée Cristal da casa Louis Roederer. Ela certamente está em um patamar similar a outras safras grandiosas do começo do milênio, como 2002 e 2008, por exemplo.
Em 2019, o então CEO da vinícola Opus One, David Pearson, veio ao Brasil para um evento singular. Na ocasião, foram provadas as todas as safras dos vinhos dessa joint-venture entre Mondavi e os Rothschild. Era a primeira vez que uma prova assim ocorria fora da vinícola. ADEGA esteve presente e pôde ver o quão encantadoras safras como a de 2005 podem ser.
Paolo Scavino é um nome de peso na história do Piemonte. Ele foi um dos primeiros a vinificar Barolos de vinhedos únicos ainda na década de 1970. Bric del Fiasc foi o local de início dessa história e representa o que de melhor se faz naquela região. A safra 2005 mereceu destaque entre outras provadas.
Este foi um dos grandes destaques de uma vertical do mais aclamado vinho da Bodegas Muga, um dos principais produtores de Rioja. A prova realizada no fim de 2021 com 10 safras teve a presença de Juan Muga, cujo avô iniciou a tradição do rótulo Prado Enea Gran Reserva.
Este ícone de Ribera del Duero dispensa apresentações. ADEGA já teve a oportunidade de provar diversas safras, inclusive na presença de Pablo Alvarez, dono de Vega Sicilia. Não importa a safra, o “Unico” continua sendo a principal referência em vinho espanhol. Nesta safra 2005 está sublime, como sempre.
Xisto é a essência do projeto Roquette e Cazes, a junção de duas grandes famílias, uma de Portugal (dona da Quinta do Crasto) e outra de Bordeaux (do Château Lynch-Bages) para produzir grandes vinhos no Douro. Com um nome sugestivo (devido ao tipo de solo), este vinho só é produzido em safras excepcionais, tal como 2005.
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