Confraria

Como funcionam as confrarias e para que elas servem?

Dicas para você montar sua própria confraria

por Vanessa Sobral

Experimente fazer provas às cegas na sua confraria, elas são bastante divertidas e instrutivas

Quem começa a se interessar por vinho logo percebe que é degustando que se aprende mais sobre o assunto. Os livros, as revistas e os cursos trazem informações essenciais ao jovem enófilo, no entanto, é preciso colocá-las em prática. E para alavancar o “exercício da degustação”, nada melhor do que uma confraria, na qual será possível comparar vários vinhos e trocar impressões com outras pessoas, tudo ao mesmo tempo.

As confrarias são organizações que reúnem periodicamente pessoas de interesses comuns, visando preservar ou difundir conhecimento sobre um determinado assunto. As primeiras confrarias surgiram na Idade Média e estavam muito relacionadas com princípios místicos e religiosos. Com o tempo, outras entidades surgiram, como, por exemplo, a Maçonaria, que nasceu da reunião de pedreiros das grandes catedrais francesas, que tinham o intuito de proteger técnicas secretas de construção e amparar mutuamente suas famílias.

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As primeiras confrarias

As confrarias de vinho começaram a aparecer na França. Já há notícias de embriões dessas reuniões em torno do vinho desde antes da Revolução Francesa, mas é no início do século XX que elas tomam forma realmente. Com o tempo, elas foram se multiplicando por todo o mundo. Os grupos brasileiros mais antigos datam do início dos anos 1980.

Muitas das confrarias ainda mantêm características tradicionais como vestimentas típicas durante os encontros e rituais de entronização para os novos confrades, mas o que realmente garante o sucesso dessas reuniões, no caso das confrarias de vinho especificamente, é a paixão pela bebida, bons amigos e bons vinhos.

Hoje há muitas confrarias em atividade espalhadas pelo Brasil. Para se ter ideia da multiplicidade delas, existem confrarias só de mulheres, por exemplo, e também as temáticas, que só degustam um determinado tipo de vinho, como Champagne ou vinho do Porto.

Você pode fazer parte de uma delas, ou de mais de uma. Porém, nem sempre basta se candidatar para participar, é preciso ser convidado. Por fim, se não se identificar com nenhuma delas, pode fundar a sua própria e se tornar o chanceler – nome comumente usado para designar quem organiza e comanda as degustações.

Faça você mesmo

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Até hoje, há confrarias que mantêm indumentárias e rituais tradicionais

Para formar sua própria confraria, o primeiro passo é escolher os amigos que irá convidar. O ideal é reunir pelo menos seis pessoas, de preferência que estejam no mesmo estágio de conhecimento. Muitas confrarias surgem a partir de colegas que se conheceram em cursos de vinhos, ou que frequentam o mesmo local de compra, ou até que se conheceram em grupos de discussão pela internet.

Uma vez formado o grupo, é preciso definir uma periodicidade de encontros (semanal, quinzenal, mensal, bimestral etc) e também o local, que pode ser um restaurante, ou a casa de um dos confrades. Se for no restaurante, é necessário checar se é permitido levar vinho e qual o valor da taxa de rolha, verificar se existem boas taças disponíveis e um cardápio que favoreça as harmonizações com os vinhos eleitos para a degustação pretendida.

Os vinhos da confraria

É bastante interessante fazer as provas às cegas, ou seja, com os vinhos cobertos, sem que ninguém saiba qual garrafa está sendo degustada. Após cada um ter comentado suas impressões sobre cada exemplar e eleito seu favorito, os rótulos são revelados e aí normalmente ocorrem grandes surpresas.

Os temas das degustações podem variar infinitamente. Para os iniciantes, o ideal é escolher uma variedade de uva e degustar exemplares de diferentes regiões. Também pode-se comparar diferentes produtores, diferentes safras e testar harmonizações. Pode ser divertido levar um vinho “curinga”, que não faça parte do tema proposto, só para ver como ele se sairá. Por exemplo, colocar um Chardonnay brasileiro em uma degustação de vinhos brancos da Borgonha.

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