Elaboramos um roteiro de três dias para você aproveitar o verão na época da colheita da Serra Gaúcha
por Arnaldo Grizzo
Há quem cogite embarcar numa viagem para as regiões vinícolas do sul do Brasil apenas quando o frio do inverno começa. No entanto, o verão é uma das épocas mais interessantes para visitar a Serra Gaúcha.
De janeiro a março, as atividades são intensas devido à colheita. Não à toa, janeiro e fevereiro são dois dos meses de maior uxo de turistas na região. Até março, hotéis, restaurantes, vinícolas etc criam uma extensa programação de atividades para os amantes do vinho.
Diante de tantas opções, ADEGA resolveu montar um pequeno roteiro de três dias (pode-se pegar um m de semana prolongado, de sexta a domingo, por exemplo) com sugestões do que você pode fazer durante a exuberante época da vindima na Serra Gaúcha.
Passamos rapidamente pelas opções de estadia, que são das mais variadas. Tomando por base Bento Gonçalves e arredores, há diversas alternativas. Você pode car no luxuoso Spa do Vinho Caudalie, no coração do Vale dos Vinhedos, ou se preferir, ainda pode hospedar-se em vinícolas como Casa Valduga e Don Giovanni. Ou ainda em pousadas charmosas como Borghetto Sant’Ana. Na cidade de Bento Gonçalves, encontramos o tradicional hotel Dall’Onder.
Local escolhido, hora de fazer nossa programação. Três dias é apenas uma sugestão, há tantas atividades – especialmente na época da colheita – que certamente você desejará permanecer por mais tempo.
Uma boa ideia para quem quer entrar no clima do enoturismo e entender um pouco mais sobre a bebida antes de partir para outras aventuras é fazer um pequeno curso de vinhos. Tome um substancioso café da manhã e vá para a “aula”. Diversas vinícolas oferecem minicursos nessa época do ano. A Casa Valduga, por exemplo, oferece um intitulado “Segredos do Mundo do Vinho”, todos os dias às 9h30. A Aurora também realiza minicursos de verão de segunda à sábado em dois horários: 9h e 14h30. O mesmo ocorre na Miolo, que dá minicursos com duas horas de duração. Em todos, é preciso entrar em contato com as vinícolas e agendar.
Informações assimiladas, é hora de desfrutar de um bom almoço. Se fazer o curso na Valduga, pode “esticar” para o seu restaurante e se deliciar com a comida típica dos imigrantes italianos que colonizaram o Vale dos Vinhedos. Ou então partir para o rústico e gourmet Casa Madeira, onde vale experimentar a codorna harmonizada com o Cabernet Franc.
Na Serra Gaúcha, você vai encontrar excelentes opções de estadia, além de grandes restaurantes e passeios maravilhosos
À tarde, depois de uma bela refeição, que tal um tempo relaxando? Você pode visitar alguma das vinícolas próximas e depois sentar no deck com vista para o Vale dos Vinhedos da loja Saka Rolha. O local possui rótulos nacionais e importados e você ainda pode degustar seu vinho acompanhado de uma tábua de frios.
Mas, para aproveitar um belo jantar, apenas belisque algo e deixe espaço para o que está por vir. Durante a época de colheita, um dos restaurantes mais requisitados da região, o Valle Rústico, oferece jantares harmonizados inspirados na vindima com uma sequência de nove ou 10 pratos combinados com vinhos das vinícolas locais. Para coroar, a refeição ainda pode ser servida em seu lindíssimo jardim à luz de velas. Imperdível (e barato!). O menu harmonizado com vinho sai por menos de R$ 180 por pessoa. Mas faça reserva.
Já que você está na Serra Gaúcha na época da vindima, que tal colocar a mão na massa e vivenciar um pouco do que os antigos colonos faziam e, ainda hoje, os trabalhadores da colheita fazem? Antes, porém, melhor começar com um lauto café da manhã. Durante os nais de semana de fevereiro (menos no carnaval), o Spa do Vinho oferece uma programação especial. Ela começa no sábado com a “prima colazzione”, um café da manhã típico colonial. Em seguida, há a “festa da colheita”, em que se aprende a colher as uvas, fazer a pisa, além de degustar. A programação segue até o almoço (também típico) ao ar livre com coral de descendentes italianos.
Experimentar a vida do colono na colheita também é uma programação oferecida por vinícolas como a Valduga, Marco Luigi, Cainelli etc. Para o almoço ou depois, à tarde, se quiser manter o ar bucólico campestre, você pode optar por uma refeição no Wine Garden, o wine bar em um belíssimo jardim a céu aberto da Miolo, que funciona nos nais de semana e feriados dessa época. Ou então, ir ao Jardim Leopoldina, que congrega restaurante estilo bistrô, com café, sorveteria, chocolateria e até loja de roupas e artesanatos, em um local cercado de verde e um ambiente de tranquilidade.
Época da colheita é repleta de atividades para os turistas
Se em vez de fazer sua colheita pela manhã, preferir realizá-la à luz da lua, o hotel Dall’Onder, por exemplo, oferece essa opção junto com a vinícola Marco Luigi. Você colhe as uvas ao luar e degusta vinhos acompanhado de boa música. Mas, se preferir, para terminar sábado, uma ideia é saborear uma deliciosa pizza servida sobre a pedra no Pizza entre Vinhos. Em ambiente despojado, você mesmo escolhe e se serve dos vinhos (clássicos brasileiros), que estão nos balcões entre as mesas.
Leia também:
+ Onde se hospedar perto de vinhedos no Brasil?
+ O melhor do enoturismo no Alentejo!
+ Enoturismo no Uruguai: as melhores dicas
De café da manhã tomado, que tal partir para uma degustação vertical? Durante os meses de vindima, a partir das 10h, a Pizzato oferece provas de diversas safras de um mesmo vinho com orientação de prossionais. Mas, se você prefere queimar um pouco das calorias acumuladas, uma boa pedida é dar uma volta de bicicleta. O projeto “Que tal de bike” oferece quatro roteiros e em diferentes níveis de diculdade, caso você não seja um atleta. As saídas podem ocorrer no período da manhã ou da tarde, com durações de três a oito horas.
Para o almoço de domingo, uma excelente alternativa é a trattoria Mamma Gema. Durante fevereiro, o restaurante abrirá seu jardim com vista para o lago e o cardápio, além dos pratos tradicionais, vai contar com uma sugestão especial do chef. Outra opção tipicamente italiana é o Casa di Paolo, na estrada entre Bento Gonçalves e Garibaldi. Seu galeto é famoso, assim como o rodízio de massas. O restaurante faz parte de uma rede que também possui o ótimo Canta Maria. Uma programação mais relaxante para a tarde é bem-vinda. Dessa forma, pode-se fazer um singelo piquenique nos vinhedos como o que é oferecido pela vinícola Larentis ou então pela Cristófoli (esta já na rota das cantinas históricas de Faria Lemos) com sua versão de “edredom nos parreirais”. As dicas estão aí, escolha as que mais lhe agradam e boa viagem.