Gevrey-Chambertin e Mâcon são as duas primeiras apelações da Borgonha reconhecidas pelo governo chinês
por Sílvia Mascella
Todo setor produtivo tem suas batalhas. No mundo do vinho o reconhecimento das denominações de origem, dos estilos de vinhos e das marcas é uma questão que extrapola o debate e vai para as cortes de justiça internacionais. Marcas e locais demarcados valem muitos milhões no mercado e precisam ser protegidas pelos países de origem e aceitas pelos compradores estrangeiros.
Dois exemplos bem conhecidos são o da região de Prosecco DOCG, que discute com o mundo a utilização do nome ‘Prosecco’, tanto para marcas quanto para o nome da uva. Os italianos buscam o reconhecimento de que a uva para o espumante fora das regiões demarcadas deve se chamar ‘Glera’ e que o nome Prosecco não pode estar em rótulos fora dos produzidos sob as regras da região italiana.
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A França compra uma briga semelhante há muitas décadas, só que por conta de muita gente chamar de Champagne o que não é feito na região de mesmo nome na França, sob rígidas regras de produção há séculos. Os franceses não querem nem que o método de produção seja chamado de ‘método champenoise’. Eles determinam que o nome deve ser ‘método tradicional’.
Por conta dessas brigas que acabam em processos, perda de força das marcas e consequente perda de recursos é que os franceses estão comemorando o fato do recente aceite da CNIPA (Administração Nacional de Propriedade Intelectual da China) de reconhecer formalmente (e portanto garantir a proteção) de duas apelações da Borgonha, Mâcon e Gevrey-Chambertin.O processo corre desde 2023, mas foi finalizado e publicado apenas agora, quando da visita do presidente chinês Xi Jinping à França na semana passada.
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O presidente da CAVB (Confederação das Apelações e dos Produtores da Borgonha), Thiébault Huber, afirmou em um comunicado oficial que a publicação do reconhecimenrto é o resultado de um trabalho de cooperação da indústria do vinho da Borgonha, do governo federal e da embaixada da França na China: “Do nosso ponto de vista esse é o primeiro passo (e uma excelente notícia) para o futuro reconhecimento e valorização das outras AOCs da Borgonha no país”. A exportação de vinhos da Borgonha para a Ásia vem se mantendo estável nos últimos 5 anos e a região superou Bordeaux em valor na maior parte dos locais (com exceção de Hong Kong), segundo um informe recente da Liv-ex.
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