O estilo não é novo, muito pelo contrário. Mas voltou com tudo ao radar dos enófilos
por Redação
Vinho laranja é um estilo que renasceu nos últimos anos
O vinho branco límpido e brilhante é um conceito moderno.
Muito antigamente, os vinhos brancos costumavam ser deixados para macerar em suas peles por muito tempo, assim como ocorre com os tintos que ganham sua cor graças aos pigmentos presentes nas cascas. Ou seja, os antigos já faziam vinho laranja muito antes de eles serem assim classificados.
Só lembrando que o conceito por trás desses vinhos é a maceração com as peles, o que geralmente lhes dá uma cor mais âmbar – daí o nome laranja.
Diz-se que o “pioneiro moderno” dos laranjas é Josko Gravner, um vitivinicultor da região do Friuli, na Itália. No ano 2000, ele visitou a Geórgia, onde se inspirou em uma tradição que remonta a quase 5.000 anos, em que as uvas são colocadas em grandes ânforas de argila, enterradas no solo, seladas e deixadas para fermentar na terra, com cascas e tudo.
De volta à Itália, testou os métodos e gostou dos resultados com uvas como a Sauvignon Blanc e a indígena Ribolla Gialla, por exemplo. Em algum tempo, amigos passaram a segui-lo, como Stanislao Radikon, Edi Kante, os irmãos Giorgio e Nicolo Bensa, de La Castellada, e Ales Kristancic, da vinícola Movia na fronteira entre Friuli e Eslovênia.
Josko Gravner, o “pioneiro moderno” dos laranjas
Nos anos seguintes, produtores de outros locais passaram a experimentar as técnicas, especialmente alguns norte-americanos – muitos visitaram o Friuli, outros foram à “fonte”, na Geórgia também.
Assim “nasceram” os vinhos laranjas, termo que é creditado a um importador inglês que teria denominado esses vinhos dessa forma em 2004. E se antes eram vinhos comentados somente entre conhecedores, hoje eles são uma categoria nova, com uma série de vinícolas criando suas próprias versões, mesmo que não em ânforas de barro e nem com o mesmo tratamento pouco intervencionista pregado por alguns dos pioneiros.
Mas, resumindo, os laranjas são vinhos brancos vinificados como tintos, surgidos de uma espécie de “atavismo enológico”, se podemos assim definir, já que são inspirados em técnicas ancestrais. São vinhos que geralmente aliam frescor e notas cítricas a texturas incomuns aos brancos convencionais -- inclusive, em alguns casos, com discreta tanicidade – além da cor âmbar e, muitas vezes, da turbidez.
E, para quem quer conhecer alguns excelentes exemplares, ADEGA fez a seleção a seguir:
Esse laranja da região italiana da Emiglia-Romagna é feito com a uva Albana sob o preceito da biodinâmica
Direto do Alentejo, esse português é feito com as castas Antão Vaz, Arinto e Viognier.
De um dos terrois clássicos dos vinhos laranja, esse alemão é feito com as castas Riesling e Pinot Blanc.
Esse chileno é feito com a uva Muscat plantadas em 1975 e fermentado em ânforas de barro centenárias! Isso sim é clássico!
Destaque nacional no Guia Descorchados 2021, a vinícola Era dos Ventos produz esse laranja com a uva Peverella, sendo que parte desidratada da safra 2013 - que passa QUATRO ANOS em barricas - e parte da safra 2017.
Mais um destaque brasuca, o Faccin é um 100% Riesling itálico feito com o conceito de vinificação natural, ou seja, não passa por madeira, não recebe adicão de sulfitos e a fermentação ocorre de forma espontânea.
Em garrafas de um litro, esse português é feito com as inusitadas Perrum (mais conhecida como Palomino e seus Jerez), Rabo de Ovelha(!) e Manteúdo.
Esse complexo e exótico vinho italiano é feito a partir de Malvasia de Candia, Otrugo e Trebbiano.
Esse 100% Chardonnay é um branco com alma de tinto produzido pela vinícola Quinta da Figueira.
Fechando nossa lista esse argentino é um 100% Moscatel proveniente de um vinhedo plantado em latada.
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