Uma uva, dois nomes diferentes (Syrah ou Shiraz), escolha o melhor vinho!
por Sílvia Mascella
O que há em um nome? Algumas vezes uma identificação e em outras muita confusão. É o caso da uva Syrah , que também é conhecida como Shiraz. As duas grafias são válidas e corretas, mas a primeira, com "y" é a mais utilizada para os vinhos do Velho Mundo (França, Itália, Portugal etc) enquanto a outra grafia, com "i " é mais comum no Novo Mundo (Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, EUA).
A origem dessa uva também tem mais de uma história. Uma delas conta que a uva seria nativa da antiga Pérsia (atual Irã) e que recebeu o nome de uma importante cidade de lá, Shiraz. A caminho da Europa ela tomou duas vertentes nessa história: trazida pelas mãos de um cavaleiro que estava nas Cruzadas, ela chegou à França, onde foi cultivada no Vale do Rhône.
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Por um outro caminho, dessa vez pelo mar, a uva teria sido trazida (ou seria nativa) da ilha italiana de da Sicília, tendo aportado e sido cultivada na cidade de Siracusa, e mais tarde fazendo o caminho via Itália (ou através do Mediterrâneo) até a costa da França onde foi novamente para o Vale do Rhône.
O destino de ambas as estórias dá dicas da verdadeira história comprovada pelas pesquisas de DNA feitas pela Universidade Davis da Califórnia. A Syrah ou Shiraz é nativa da França, do próprio Vale do Rhône e é fruto do cruzamento das uvas Dureza (tinta) e Mondeuse Blanche (branca). É a tinta mais importante dessa região e durante o final do século 19 e começo do século 20 os vinhos de sua DOC Hermitage eram os únicos que conseguiam competir em qualidade com os já famosos Bordeaux.
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Sua história ficou restrita à Europa até que os "vinhateiros viajantes" levassem mudas dela para países do Novo Mundo, nas décadas de 1970 e 1980. A Austrália foi o país que colocou os vinhos da Shiraz entre alguns dos melhores do mundo, com seu estilo frutado, corpulento e exuberante. Mas até hoje ela ainda responde por outros nomes: Sira, Sirac, Sirah, Syra, Syrac, Sérine, Sérène, Serine, entre tantos. Acredita-se aliás, que o nome "Syrah" seja uma derivação de Sérine, que viria do latim “serus” (tardio), sobre o fato de ser uma das últimas castas a amadurecer.
Versátil à mesa, ela acompanha bem pratos mais complexos, com molhos intensos, até mesmo o barbecue. Harmoniza perfeitamente com carnes de sabor mais forte como javali, pato ou até carnes de caça. E no extremo oposto, também é boa companhia para os pratos vegetarianos, com legumes grelhados, cogumelos e molhos cheios de especiarias (uma vez que as especiarias são uma de suas características aromáticas mais atraentes). Veja abaixo os melhores Syrah provados por ADEGA:
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