Reservatórios abaixo do nível de alerta fazem com que viticultores sicilianos peçam apoio em emergência hídrica
por Silvia Mascella
"O quadro geral é preocupante e a viticultura corre o risco de entrar em colapso", declarou na semana passada Luca Sammartino, Conselheiro Geral de Agricultura da Sicília (Itália). A região mais afetada é a província de Trapani, no noroeste da ilha, perto de Marsala.
A ilha da Sicília é um território naturalmente seco (que pode ter chuvas torrenciais e sazonais) mas que ao longo dos séculos foi sendo transformado para poder se tornar uma terra cultivável. Cisternas, sistemas hidráulicos desenvolvidos há centenas de anos, barragens, irrigação e modificações na topografia dos terrenos foram essenciais para conter a água necessária para a sobrevivência da população e o cultivo.
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No entanto, como afirma Dino Taschetta, presidente da Colomba Bianca, uma das maiores cantinas produtoras de vinho biológico da Europa (com 2.40 viticultores associados), a maioria das barragens na Sicília foram construídas nos anos 1950 e estão exigindo manutenção constante. "Se não houver intervenção para termos autorização para proteger as barragens e a água que elas nos fornecem, corremos o risco de desperdiçar todos os esforços feitos pelos agricultores", explica Taschetta.
Ele faz uma comparação com o Chile, onde os desertos foram transformados em jardins através da irrigação e diz que na Sicília está ocorrendo o contrário, os jardins estão se tornando desertos. Segundo Taschetta, a safra do ano de 2024 já está comprometida e só a chuva poderá salvar uma parte da produção do ano.
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Existem 46 reservatórios de água na Sicília, mas apenas 22 deles estão com operação normal, segundo a base de dados do Ministério da Infraestrutura. No inverno há chuvas regulares (embora neste ano estejam também mais escassas), mas as barragens precisam estar em bom estado para conter a água, senão ela volta para o mar. "O reservatório de Trinitá, perto de Trapani, pode conter 18 milhões de metros cúbicos de água, mas devido às suas condições, só foi autorizado a captar 4 milhões no ano passado. É insuficiente para irrigar a região", explica Taschetta.
Os empresários e agricultores pedem um plano ao governo com a presença de engenheiros especializados para estudarem a área e fazerem melhorias e reparos, sob risco da vitivinicultura de toda uma região desaparecer.
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