Um guia você para entender e decifrar as informações dos rótulos de vinhos franceses como Bordeaux, Borgonha, Champagne, Rhône e Alsácia
por Redação
Com rótulos que mantêm o foco na tradição e na simplicidade, os vinhos franceses muitas vezes desafiam consumidores a compreender as informações essenciais neles contidas. Enquanto rótulos modernos ao redor do mundo destacam variedade de uva, métodos de produção e notas de degustação, os clássicos franceses frequentemente trazem apenas o nome do produtor, a região e a safra.
Neste guia, exploramos como entender esses rótulos e o que eles revelam sobre os vinhos das principais regiões da França, como Bordeaux e Borgonha, mesmo com informações aparentemente limitadas.
Bordeaux é sinônimo de Cabernet Sauvignon? Apesar de ser uma aproximação interessante, infelizmente, isso está longe da verdade. Bordeaux é a terra do blend, ou seja, dos vinhos feitos com mais de uma uva. Sim, a Cabernet Sauvignon costuma ter papel preponderante em muitos rótulos, contudo, há vários em que ela pode ser secundária ou sequer aparecer. As misturas podem ter Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Cabernet Franc, além de outras variedades. Dificilmente as proporções vão estar apontadas no rótulo ou contrarrótulo. Uma dica: as denominações da margem direita (Pomerol e Saint-Émilion, por exemplo) via de regra têm mais Merlot, enquanto as da margem esquerda (Médoc, St.-Estèphe, Graves, Pauillac, Margaux etc), mais Cabernet.
* Algumas sub-regiões de Bordeaux possuem classificações próprias, sendo a mais comum a do Médoc, que divide os vinhos em cinco categorias de Grand Crus, dos Premier até os Cinquièmes. Já em Saint-Émilion, há apenas os Premiers Grand Cru (A e B) e depois os Grand Cru. Alguns vinhos possuem ainda a classificação de Cru Bourgeois, que viria logo abaixo dos Grand Cru.
Na Borgonha, é muito mais simples identificar as variedades de uvas utilizadas. Se o vinho for tinto, ele será um Pinot Noir. Se for branco, será um Chardonnay. Em raros casos, Gamay (tinta) e Aligoté (branca) podem ser usadas, mas geralmente em sub-regiões específicas e, costumeiramente, estão apontadas nos rótulos. Os vinhos de Beaujolais, por exemplo, são produzidos com Gamay. Aqui, diferentemente de Bordeaux, quem recebe as classificações são os terroirs, não os proprietários.
Quando tratamos de Champagne, também não é tão complicado desvendar quais foram as uvas utilizadas para elaborar a bebida. Tradicionalmente, a região usa apenas uma uva branca e duas tintas em seus vinhos: Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Eles quase sempre são blend entre as três e a proporção varia conforme o gosto do produtor. É possível que outras uvas sejam utilizadas, mas é extremamente raro. Mais comum é ver Champagnes feitos só com uvas brancas, os Blanc de Blanc, ou só com uvas tintas, os Blanc de Noir. É menos comum a safra estampada no rótulo, pois a maior dos vinhos, além de blend de variedades, são blends de safras.
Raro também é ver alguma classificação estampada no rótulo, mas, assim como na Borgonha, os vinhedos de Champagne também são divididos entre Grand Cru e Premier Cru.
Os rótulos dos vinhos do Rhône costumam ser muito heterogêneos, o que torna difícil definir padrões. Mais complicado ainda é tentar adivinhar com quais uvas eles são feitos. Um Châteauneuf-du-Pape, por exemplo, pode ter até 18 variedades em sua composição. Para simplificar, podemos dizer que o Rhône ficou famoso por seus GSM (Grenache, Mourvèdre e Syrah), geralmente em blend. Essas são as três uvas mais usadas, mas será difícil saber quais e quanto sem conhecer o produtor. Os vinhos e vinhedos também não possuem uma classificação como na Borgonha para determinar a qualidade.
Enfim uma região francesa em que estampar o nome da uva no rótulo é comum. Melhor ainda, o sistema de classificação separa apenas os vinhedos Grand Cru dos “comuns”. Certamente isso é um alívio, mas logo surgem alguns “enigmas”.
Um deles é a questão do grau de açúcar residual do vinho. Apesar da influência alemã, aqui a maioria dos vinhos são secos. Poucos rótulos apresentam um estilo “off-dry” (levemente adocicado), a boa parte feito com Pinot Gris ou Gewürztraminer. Alguns produtores têm colocado até escalas de “doçura” nos contrarrótulos para facilitar o entendimento dos consumidores. O segundo “desafio” são os rótulos onde aparecem as palavras “Gentil” ou “Edelzwicker”, por exemplo. Na Alsácia, os vinhos permitidos pela AOC são monovarietais, porém alguns blends são permitidos e levam os nomes citados anteriormente.
Outro ponto a ser destacado são os estilos Vendange Tardive (colheita tardia) e Sélection de Grains Nobles (Seleção de Grãos Nobres), vinhos feitos com uvas botrytizadas e, consequentemente, doces.
Como você chegou até aqui, conheça os melhores vinhos franceses recém-degustados pela Revista ADEGA:
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